O Banco Central do Brasil decidiu nesta última quarta-feira manter inalterada a taxa básica de juros em 6,50% ao ano, sem apresentar sinalização de novo ciclo de afrouxamento monetário no curto prazo.
A decisão de manutenção da taxa Selic era amplamente esperada, mas alguns investidores/operadores acreditavam que o Banco Central mostraria em seu comunicado divulgado após a reunião de Comitê sinais de futuros cortes na taxa básica de juros. Isso não aconteceu, porém, pode ter sido uma boa jogada da autoridade monetária brasileira.
Quando o Copom ainda estava em reunião, o FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos) divulgou sua decisão de política monetária, que apesar de manter inalterada a FFR entre 2,25% a 2,50% ao ano (Federal Funds Rate – taxa básica de juros norte-americana), emitiu clara sinalização de cortes ainda neste ano.
A palavra-chave paciência, responsável por emitir sinalização ao mercado de que o FED não estava perto de elevar ou reduzir a FFR, foi retirada do comunicado emitido após a reunião de Comitê. Ao mesmo tempo, integrantes do FED reduziram a expectativa de inflação para este ano, de 1,8% para 1,5%, distante da meta de 2% a ser perseguida. As projeções para o núcleo de inflação também caíram de 2,0% para 1,8% no fechamento de 2019.
Para 2020, a expectativa de inflação, tanto no núcleo, quanto no índice oficial, recuou de 2,0% para 1,9%. Nem mesmo para projeções mais longas (2021 em diante) não há expectativa de rompimento ascendente do centro da meta de inflação, o que definitivamente abre espaço para aumento da carga dovish na estratégia de política monetária.
Aliada a redução da expectativa de inflação, as estimativas para a FFR também caíram significativamente. Para 2020, a mediana das projeções aponta FFR em apenas 2,1% ao ano, muito abaixo da previsão anterior de 2,6% ao ano. No gráfico de pontos do FED apresentado abaixo, pode-se notar que cada vez mais membros estão revisando suas previsões de taxa básica de juros para perto de 2% ao ano.
As novas estimativas ratificam cenário de aumento do viés dovish do FED, na mesma linha das recentes decisões de outros banqueiros centrais mundiais, tanto de países desenvolvidos, quanto de países emergentes.
Com Bancos Centrais do mundo inteiro praticamente aumentando a intensidade das estratégias dovish, alguns esperavam que o Banco Central do Brasil pudesse, ao menos, sinalizar que faria o mesmo no futuro.
A autoridade monetária brasileira atuou de forma bem mais cautelosa comparado aos demais Bancos Centrais, condicionando novos cortes na taxa Selic caso houver avanço na reforma da previdência.
A postura bem mais conservadora do Banco Central brasileiro é bastante positiva por conta de dois pontos centrais: (i) pode criar aumento de atratividade dos ativos de risco brasileiros comparado aos pares globais, o que poderia chamar atenção para entrada de mais capital estrangeiro no mercado local, um movimento que, consequentemente, poderia aumentar a trajetória de queda do dólar, ajudando aliviar eventuais pressões inflacionários ano que vem (ii) manutenção da Selic com projeções apontando inflação levemente abaixo da meta reforça a rigidez da autoridade monetária no combate à inflação, deixando os agentes econômicos menos propícios a subir preços quando a economia voltar a crescer com mais força.
Ao contrário do esperado por alguns economistas/analistas, o mercado local reagiu de forma extremamente positiva à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil). Somente nesta sexta-feira, alguns contratos de juros futuros estão mergulhando mais de 3%. Já o Ibovespa opera em forte alta, renovando máxima histórica. O Banco Central do Brasil mostrou que acertou em cheio em sua estratégia.
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