Completando trinta anos em 2018, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a lei fundamental e suprema do país, servindo de parâmetro de validade a todas as demais espécies normativas e situando-se no topo do nosso ordenamento jurídico.
Desde então, o “presidencialismo de coalizão” é o sistema de governo ou regime político adotado no Brasil. Nele temos um Presidente da República sempre minoritário no congresso, que precisa comprar apoio político para conseguir atender os seus grupos de interesse ao mesmo tempo que acena para o seu eleitorado. Com isso, construímos um sistema propício para todo tipo de manobra ilícita, onde a corrupção é endêmica e garante a sobrevivência política daqueles que governam o país.
Saturado pela maior recessão da história, pelo desenrolar da operação Lava-jato e totalmente descrente devido ao declínio e a implosão das instituições brasileiras, o povo elegeu Jair Bolsonaro.
O então candidato soube aproveitar o momento de angry politics dos últimos anos e, alinhado com as únicas duas instituições que ainda gozavam da confiança do eleitorado brasileiro – Igreja e Forças Armadas -, convenceu a maioria de que ele era a única força capaz de botar a casa abaixo, de quebrar todo o sistema.
Para conseguir tamanha façanha com uma campanha barata e sem tempo de televisão, construir uma base de apoio em Brasília e fazer o mercado financeiro comprar a ideia da candidatura, era necessário mais do que promessas; era fundamental garantir de forma crível que todo o discurso seria de fato colocado em prática durante o mandato.
Ao entregar o superministério da economia para o mago do pensamento liberal mestre e doutor pela Universidade de Chicago Paulo Guedes, indicar generais quatro estrelas para diversos cargos-chave e fazer de Sergio Moro o ministro da Justiça, Bolsonaro deixou claro que as promessas de campanha não eram cheap talk, mas sim o norte para todo o seu governo, inclusive para a sua política externa.
Quando nomeou o até então desconhecido diplomata de carreira Ernesto Araújo como o futuro chanceler do Brasil, Bolsonaro, pagando um preço caríssimo, sinalizou que a sua ideia de ruptura total iria expandir-se também para a linha de política internacional que será adotada a partir de primeiro de janeiro.
O alinhamento automático com os Estados Unidos, a afinidade explicita com o governo Trump e com outros integrantes da onda conservadora mundial e a promessa de mudar a embaixada de Israel de Tel Aviv para Jerusalém, por exemplo, são sinais claros de que daqui para frente a orientação das decisões tomadas na diplomacia brasileira será diferente de tudo aquilo que vimos desde o início do ciclo democrático.
Mas como funcionará o processo decisório para a política externa do futuro governo?
Sabemos que existem grupos com concepções e necessidades diferentes competindo entre si e atuando com força na transição para influenciar o presidente depois da posse.
Quais são esses grupos? O que os une? Quais são as suas estratégias?
Esses são assuntos para os próximos artigos.
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