O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste último domingo que a partir desta próxima sexta-feira vai aumentar de 10% para 25% as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos importados da China.
A ação de Trump pegou o mundo inteiro de surpresa, já que um acordo comercial entre os dois países estava praticamente dado como certo até semana passada. Inclusive, o próprio presidente norte-americano ressaltou na semana anterior que as negociações estavam indo muito bem.
Entretanto, algo pode ter saído dos trilhos nestes últimos dias, justificando uma ação mais agressiva por parte de Donald Trump. Há alguns meses lideranças de ambos os países estão discutindo os termos para eliminar o impasse e alcançar um acordo comercial.
A velha tática dos chineses, de não cumprir promessas ou prorrogar ao máximo adoção de medidas amargas ou desfavoráveis pode ter irritado a delegação norte-americana. Ocorreram vários eventos nesta década que corroboram com o diagnóstico da estratégia chinesa, entre os fatos mais marcantes estão as manipulações constantes na moeda local e criação de condições desiguais para competitividade no mercado global. Temas que geraram muitas discussões no âmbito mundial, mas que mesmo diante de algumas promessas de soluções, não resultaram em nenhuma ação concreta por parte dos chineses.
Agora, contra Donald Trump, a estratégia dos chineses parece não estar dando certo. De fato, a decisão do presidente norte-americano neste último domingo é compreensível. Trump havia alertado no final do ano passado que elevaria dos atuais 10% para 25% as tarifas aplicadas às importações chinesas no valor de 200 bilhões de dólares caso não fosse alcançado um acordo até o dia 1 de março.
O prazo limite foi extrapolado, porém nenhuma ação imediata foi tomada na época, já que as negociações ainda estavam em curso e aparentemente fluindo bem. No entanto, quase dois meses depois, com os avanços lentos demais, denunciando a velha tática chinesa, Trump perdeu a paciência e deu seu ultimato. Na verdade, está apenas cumprindo o que prometeu.
Nesta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos aumentou ainda mais a pressão alertando que vai impor tarifas de 25% sobre 325 bilhões de dólares em importações chinesas em breve (sem mencionar data). Desta forma, caso um acordo não seja alcançado, os Estados Unidos vão acabar tarifando em 25% todos os produtos importados da China. 200 bilhões a partir desta sexta-feira e o restante ainda com data a ser definida.
No fechamento de 2018, os Estados Unidos tiveram déficit de 419 bilhões de dólares em bens somente com a China, a maior alta deficitária em cerca de 10 anos. No somatório geral, o déficit comercial dos Estados Unidos também atingiu recorde histórico de 891 bilhões de dólares em 2018. Além da China, o déficit é impulsionado pelo México e Europa.
Até o momento, os esforços da administração atual para reduzir o déficit gigantesco com o resto do mundo não surtiram efeito, até porque muitas medidas estão em processo de negociação. Com o aumento da pressão de Trump, podendo, inclusive futuramente, partir para o ataque contra México e Europa, a balança comercial dos Estados Unidos pode ter um formato bem diferente nos próximos anos, ratificando o cenário de acirramento das disputas comerciais.
Por enquanto, a China pretende enviar uma delegação aos Estados Unidos nesta semana para retomar as negociações e tentar evitar um desastre, caso as tarifas de 25% comecem a vigorar a partir de sexta-feira. Entretanto, a atmosfera claramente mudou. O ambiente que parecia mais favorável a um acordo até semana passada passou a ficar mais carregado, abrindo clima de receio e insegurança nas praças financeiras mundiais.
A reação só não foi mais negativa do que se esperava nesta segunda-feira por conta de uma ação imediata de resposta do Banco do Povo (Banco Central da China). A autoridade monetária chinesa cortou novamente a taxa de compulsório para liberar cerca de 280 bilhões de iuanes (equivalente a 41 bilhões de dólares), na tentativa de ajudar empresas com dificuldades em meio ao cenário de desaceleração econômica e acirramento das disputas comerciais.
Com a medida desta segunda-feira, o compulsório na China caiu para o menor nível desde janeiro de 2018, quando o Banco do Povo iniciou sua nova rodada de políticas de afrouxamento monetário. Totalizando todo o ciclo, foram injetados 3,35 trilhões de iuanes em liquidez. Ainda assim, o governo chinês se viu forçado reduzir sua meta de crescimento deste ano para o intervalo de 6% a 6,5%, o que pode ser mais um sinal de vulnerabilidade a ser acompanhado de perto pelo mercado.
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