A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) divulgada nesta terça-feira, referente ao encontro da semana passada, jogou um balde de água fria no mercado financeiro local, onde parte relevante de players, analistas e economistas ainda jogam (jogavam) com a possibilidade de novos cortes na taxa Selic na próxima reunião do Copom a ser realizada nos dias 4 e 5 de fevereiro do próximo ano.
Economia ociosa?
O documento revela que os membros do Comitê consideram que a ociosidade da economia, atualmente considerada elevada, pode se reduzir mais rápido do que o previsto anteriormente, produzindo, desta forma, maior pressão inflacionária.
A tese está basicamente fundamentada nos últimos dados mais robustos da atividade econômica, bem como na maior eficiência do mercado de crédito e de capitais, elementos que podem levar a uma redução mais rápida da ociosidade da economia, o que tende a gerar efeito colateral de aceleração da inflação.
As reuniões de final de ano do Copom
Na ata da reunião do Copom anterior, realizada nos dias 29 e 30 de outubro deste ano, apenas alguns membros expressaram receio de mais força inflacionária gerada a partir da transformação em curso do mercado de crédito (com maior protagonismo do crédito livre e das captações das empresas no mercado financeiro local).
Entretanto, na reunião do Copom realizada semana passada, todos os membros passaram a compartilhar do mesmo diagnóstico. Não por acaso, o trecho da ata com maior repercussão no mercado financeiro brasileiro foi justamente a parte em que “os membros do Copom julgam que as transformações do mercado de crédito e capitais tendem a aumentar a potência da política monetária”.
Expectativa de reduzir a ociosidade
Atualmente, a autoridade monetária considera que a política monetária opera em terreno estimulativo, o que significa que a taxa básica de juros está abaixo da taxa estrutural.
Com a potência da política monetária sendo aumentada pelas transformações do mercado de crédito, bem como da aceleração da trajetória de recuperação econômica, a redução da ociosidade tende ocorrer de forma mais rápida do que o esperado anteriormente, produzindo pressão altista na inflação.
Apesar de a estimativa de inflação estar em 3,7% para 2020 e 2021 no cenário híbrido (câmbio constante em R$ 4,20, combinado com trajetória flutuante da Selic coletada pela pesquisa Focus), o mercado parece ter entendido bem o recado de maior cautela por parte do Banco Central.
Resposta do mercado
Todos os contratos de juros futuros subiram forte nesta última terça-feira (17), reagindo à publicação da ata do Copom.
O contrato de juros futuros com vencimento em 2021, por exemplo, após firmar mínima em 4,33% no mês de outubro, formou fundo ascendente na região dos 4,51%, reforçando a alteração, ao menos por enquanto, da dinâmica até então muito benéfica observada nos últimos meses/anos no segmento de juros futuros.
Balde de água fria
O documento divulgado pelo Banco Central apresenta informações relevantes para guiar as expectativas de mercado a respeito da estratégia de política monetária a ser implementada em 2020.
É possível que, a partir destas primeiras sinalizações apresentadas na ata, alguns economistas e analistas que estavam com uma carga dovish mais otimista, revejam suas respectivas estimativas ao longo das próximas semanas para a taxa Selic.
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