Em decisão amplamente esperada pelo mercado financeiro mundial, o FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos) decidiu manter inalterada sua taxa básica de juros no intervalo de 1,50% a 1,75% ao ano, ressaltando a permanência de um cenário econômico favorável, mesmo diante de alguns riscos globais.
Os desejos do FED para 2020
A autoridade monetária norte-americana também sinalizou que não pretende alterar tão cedo a meta para a FFR (Federal Funds Rate – taxa básica de juros norte-americana), atualmente operando estável dentro da banda de 1,5% a 1,75% ao ano.
Os diretores do FED estão monitorando de perto a guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas não enxergam, neste momento, necessidade de tomar nenhuma ação com relação à FFR, nem sinalizar que alguma mudança poderia ocorrer na estratégia de política monetária ao longo de 2020.
Encontros que movimentam o mercado
As reuniões de Comitê realizadas no mês de dezembro tem uma importância maior pelo fato de o FED abrir suas projeções para o próximo ano ao mercado financeiro. Uma atípica quase unanimidade de estimativas dos membros votantes para a FFR em 2020 foi formada pelo famoso gráfico de pontos, conforme pode-se notar logo abaixo:
Projeções da economia americana para 2020
A grande maioria dos integrantes do Comitê não enxerga possibilidade de corte na FFR, nem elevação. Na última projeção, divulgada em setembro/2019, esperava-se que a FFR pudesse encerrar 2020 aos 1,9%, sinalizando possibilidade de uma alta de 0,25 p.p. em algum momento do próximo ano.
Agora, a mediana das projeções para a FFR em 2020 foi revisada para 1,6%, revelando expectativa de manutenção da taxa básica de juros durante todo o ano.
Por outro lado, as projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) não sofreram alterações.
Expectativa de crescimento e manutenção da Inflação
O sentimento é de que a economia norte-americana vá encerrar 2020 com 2% de crescimento, mantendo um satisfatório ritmo de expansão. A estimativa para a taxa de desemprego foi reduzida de 3,7% para 3,5% ao final do próximo ano e a projeção de inflação foi mantida em 1,9% tanto no núcleo (indicador preferido do FED), quanto no índice de inflação oficial.
A manutenção da inflação próxima do centro da meta de 2% a ser perseguida pelo FED também está presente nas expectativas para 2021 e 2022, constituindo um cenário muito tranquilo para a política monetária.
O Banco Central dos Estados Unidos não enxerga riscos para a inflação oscilar nem muito abaixo e nem muito acima do centro da meta. Isso significa que 2020 pode ser um ano de poucas novidades para a política monetária norte-americana, onde a FFR tende a passar boa parte do tempo (se não todo, conforme projetado) inalterada.
No Brasil
Por aqui, a autoridade monetária local também está adotando um tom de cautela para 2020. Na noite desta última quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) cortou a taxa Selic de 5% para 4,5% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado, porém sem sinalizar novo corte na próxima reunião a ser realizada nos dias 4 e 5 de fevereiro do próximo ano.
A diferença é que o Banco Central do Brasil, apesar de estar adotando um tom de cautela, não fechou totalmente as portas para eventuais novos cortes na taxa básica de juros em 2020. As projeções de inflação no cenário híbrido chegaram mais otimistas do que o esperado pelo mercado.
Como fica a inflação brasilera?
Mesmo com o recente estresse do dólar e choque de preços da carne, a estimativa de inflação é de 3,7% em 2020 e 2021.
A meta de inflação a ser perseguida em 2020 é de 4% e, para 2021, a meta de inflação a ser perseguida é de 3,75%. Em ambos os casos, a margem de tolerância é de 1,5 ponto percentual para baixo e para cima. Considerando que a projeção deste cenário híbrido levou em consideração câmbio constante de R$ 4,20, combinado com a trajetória flutuante da Selic coletada pela pesquisa Focus, parece haver, ainda, mais uma folga para novo corte de 0,25 p.p. a ser estudado em algum momento em 2020, sem causar efeito de distanciamento da inflação sobre o centro da meta.
Com o mercado considerando que o evento no último mês foi apenas um repique de inflação (muito em função da demanda de carne por parte da China), juntamente com o esperado avanço na agenda de reformas do governo, além da redução dos gastos públicos, não há como deixar as portas totalmente fechadas para eventual novo corte da taxa básica de juros em 2020.
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