Duas importantes autoridades do BCE (Banco Central Europeu) apresentaram declarações relevantes ao mercado nesta última quarta-feira. O impacto persistente do coronavírus, impondo uma terceira onda de infecções a vários países da região, juntamente com as mutações do vírus, bem como atrasos nas campanhas de vacinação, exige a continuação da resposta firme e acomodatícia por parte do Banco Central.
A presidente da autoridade monetária da zona do euro, Christine Lagarde, afirmou que o cenário ainda permanece muito incerto, necessitando, portanto, de continuação do apoio monetário pelo BCE pelo menos até o término da crise do coronavírus em toda Europa.
Possibilidades do BCE
Lagarde inclusive não descarta a possibilidade de aumento no número de falências de empresas dentro da zona do euro. Por conta disso, será necessário que os governos locais sigam a mesma estratégia de suporte monetário do BCE, com mais flexibilidade fiscal, além de garantir a devida liquidez no sistema financeiro.
Um cenário de aceleração na vacinação, não somente dentro da Europa, mas também em outros países fora do continente, poderia reduzir os riscos e garantir uma velocidade maior de recuperação da atividade. Entretanto, o ritmo atual (lento) de vacinações é considerado preocupante para o BCE.
A autoridade monetária considera que o maior impacto de todo o apoio fornecido à economia deverá ocorrer com maior força em 2022, que por sinal será o mesmo ano esperado de retomada do PIB aos níveis registrados antes do início da pandemia.
Luis de Guindos, vice-presidente do BCE, complementou também nesta quarta-feira que uma eventual retirada dos estímulos monetários prematuramente são maiores dos que os riscos de manter os programas de estímulos em vigor por mais tempo, ratificando a manutenção de uma estratégia altamente dovish com juros baixo e compras de ativos no mercado.
Opiniões do FMI
Na mesma linha do BCE, o FMI (Fundo Monetário Internacional) afirmou que o processo de recuperação econômica na Europa é desigual e ainda insuficiente. Como a produção e distribuição de vacinas ainda está com grandes desafios, a autoridade insiste que os governos devem continuar fornecendo ajuda emergencial a empresas e famílias.
Euro Digital
Por fim, Christine Lagarde confirmou que em função da demanda relevante por sistemas de pagamento online, bem como uma moeda digital, a autoridade monetária está avançando num projeto conhecido como euro digital.
Entretanto, antes de lançar o euro digital, o BCE quer garantir que sua moeda digital não será utilizada como instrumento para lavagem de dinheiro ou terrorismo, além de ter a devida proteção contra um eventual aumento de ciberataques ao sistema financeiro.
Conforme dados levantados pelo próprio BCE, na Holanda, por exemplo, a maioria da população já não utiliza mais o dinheiro físico para realizar suas transações financeiras. O uso de dinheiro físico também reduziu significativamente na Alemanha. Apesar do potencial de grande demanda, Lagarde ressaltou que um eventual euro digital não substituirá o dinheiro em espécie.