O controle das taxas de juros futuros é uma das táticas heterodoxas inovadoras criadas pelo BoJ (Bank of Japan) para fornecer apoio a economia. Há vários anos o Banco Central do Japão trabalha com dupla meta de política monetária: controle da taxa básica de juros e da taxa de juros do título do governo japonês de 10 anos.
Política monetária do BoJ
A meta de juros definida pelo BoJ para o título do dívida soberana japonesa com prazo de 10 anos é de zero. Desde o momento em que o BoJ passou a intervir no mercado para garantir que a taxa do título de 10 anos oscile em torno da meta de zero, não houve mais movimentos relevantes de abertura da curva para território positivo, conforme pode-se notar no gráfico abaixo

A eficácia do BoJ nesta nova modalidade de intervenção tem chamado atenção de outras autoridades monetárias de relevância global. Atualmente, o Banco Central da Austrália também trabalha com meta para a taxa de juros futuros.
Política monetária do BoE
Nesta última quinta-feira, o presidente do BoE, Andrew Bailey, confessou que seu Comitê de Política Monetária está discutindo a utilização de controle da curva de juros futuros, numa referência a estratégia já utilizada pelo Banco Central do Japão e Banco Central da Austrália.
Bailey afirmou que essas discussões no Comitê são importantes para criar novas formas de aumentar o poder de fogo da autoridade monetária britânica, que por sinal já possui um programa maciço de compras de ativos no mercado.

Conforme pode-se observar no gráfico acima, o mercado da dívida soberana britânico está experimentando uma abertura expressiva da curva de juros futuros no curto prazo. A taxa de juros do título da dívida soberana britânica de 10 anos saltou de 0,20% para 0,41% em poucos dias.
As declarações do presidente do BoE, portanto, não surgiram por acaso e podem realmente sinalizar um movimento futuro de intervenção num importante mercado da dívida soberana global, o que pode servir como aumento do holofote para avanço dos estudos por parte de outras autoridades monetárias.