Há cerca de um mês, o BoJ (Bank of Japan) havia anunciado fortes medidas adicionais de afrouxamento monetário, seguindo a artilharia de incentivos praticadas por demais banqueiros centrais mundiais.
Nesta semana, o BoJ anunciou mais um novo pacote de medidas de estímulo e novas regras para a política monetária, reforçando ainda mais suas medidas de combate à crise do coronavírus, bem como a intensidade de seu quantitative easing.
Estratégias do FED
No final do mês de março, o FED surpreendeu o planeta ao anunciar a perda de limite para as estratégias de quantitative easing. Em outras palavras, o FED passou a comprar uma quantidade ilimitada de ativos no mercado. Sem o volume de teto de compras, o balanço da autoridade monetária norte-americana cresceu exponencialmente nas últimas semanas.

Estratégia do BoJ
A autoridade monetária japonesa simpatizou pela estratégia de compras de ativos ilimitadas utilizada pelo FED e vai realizar o mesmo em seu país. Até então, o BoJ podia comprar papéis no mercado a um ritmo anual de 80 trilhões de ienes. A partir de agora, não existe mais limite, o BoJ vai comprar a quantidade que considerar necessária.
A estratégia de compras ilimitadas é justamente para aumentar ainda mais o poder das políticas de quantitative easing num momento extremamente delicado para a economia local e global.
Sem limite máximo para compras de ativos, o BoJ também ressaltou que vai fazer o que for necessário para manter os juros de longo prazo (título da dívida soberana do governo japonês com vencimento em 10 anos) na meta zero, o que significa atuar no mercado para que a taxa de retorno do papel fique em 0%.

No gráfico acima pode-se constatar que a taxa de juros do título do tesouro japonês com vencimento em 10 anos está em -0,010%, ou seja, muito próxima da meta de rendimento zero do BoJ. Entretanto, a taxa de juros futuros de longo prazo chegou a cair para -0,02810%, sofrendo um movimento de recuperação nos últimos meses, o que pode ter preocupado o Banco Central.
Preocupação do BoJ com os juros
Desde que a estratégia de juros futuros zero foi implementada para os títulos do governo japonês, o BoJ sempre demonstrou preocupação quando a taxa ameaçava entrar no campo positivo. Por outro lado, quando a taxa de juros futuros acelerava no terreno negativo, o BoJ mantia-se inerte, o que revela certa preferência para que o rendimento do título do tesouro japonês fique oscilando mais tempo em terreno negativo e menos tempo no nível de juros zero, ou levemente positivo.
Além disso, o BoJ revisou negativamente sua perspectiva para a economia e também projetou que a inflação vá continuar muito abaixo de sua meta de 2% por pelo menos mais três anos, o que abre espaço para tiros de bazuca na política monetária.
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Por fim, o Banco Central do Japão também ofereceu uma nova linha de crédito inusitada aos bancos comerciais. A partir de agora, os bancos receberão do BoJ uma taxa de juros de 0,1% para acessar o programa de empréstimos do país.
Em outras palavras, os bancos comerciais que tomarem dinheiro emprestado do governo, além de não precisarem pagar juros na operação de crédito, irão receber 0,1% por ter pegado este dinheiro emprestado e repassado para empresas e famílias. A medida é mais uma ação sem precedentes para combater os impactos significativos criados pela crise do coronavírus.