A resiliência da praça brasileira comparada aos seus pares globais, observada desde a vitória do presidente Jair Bolsonaro, em outubro do ano passado, persiste duramente, mesmo diante da pressão negativa da imprensa.
O mundo dos negócios que circula no mercado financeiro doméstico continua descolado do clímax dos noticiários locais. A perda do patamar de 100.000 pontos ocorrida no Ibovespa recentemente pode ter criado uma falsa sensação de que o Brasil, enfim, virou para bearish, mas tecnicamente o movimento sequer causa ameaça ao ciclo bullish iniciado em 2016.
Para se ter uma ideia melhor do espaço disponível para quedas saudáveis no mercado acionário local, basta checar a posição da média móvel simples de 200 períodos semanal. A linha é considerada por vários players um importante indicador para divisor de águas entre ciclos de alta e de baixa.
Basicamente, o Ibovespa costuma ser considerado bullish caso esteja trabalhando acima da média móvel simples de 200 períodos semanal. Por outro lado, o Ibovespa costuma ser considerado bearish caso esteja trabalhando abaixo da média móvel simples de 200 períodos semanal.
Atualmente, a média móvel simples de 200 períodos semanal passa em torno dos 72.000 pontos. Isso não significa que o mercado acionário deveria interromper movimentos de queda de curto prazo somente quando tocar ou se aproximar da referida média móvel, até porque existem outros pontos de apoio relevantes acima, mas demonstra o tamanho da margem de gordura do ciclo bullish.
Mais recentemente, o mercado acionário brasileiro demonstrou outro sinal de força quando comparado a várias outras bolsas de valores mundo afora. O ano de 2019, por enquanto, está sendo marcado por um dos maiores fechamentos de curva de juros futuros da história.
O gráfico acima revela a inclinação da curva de juros futuros dos Estados Unidos e Alemanha. A linha vermelha representa o deslocamento da taxa de juros do título do tesouro norte-americano com vencimento em 10 anos, atualmente pagando 1,54%, significativamente inferior aos 3,24% registrados no ano passado, muito próximo de alcançar a mínima histórica. A linha preta representa o deslocamento da taxa de juros do título do tesouro alemão com vencimento em 10 anos, atualmente pagando -0,66%, significativamente inferior aos 3% registrados no ano passado, renovando mínima histórica.
A inclinação rápida e agressiva das curvas de juros futuros atraiu (e continua atraindo) enorme quantidade de fluxo de capital para ponta compradora em bonds. O movimento atual é considerado um dos maiores ralis de bonds da história, o que tem provocado efeito colateral no mercado de equities a nível global.
Para se aproveitar deste movimento tão expressivo e atípico, muitos players desmontaram posições em ações para comprar títulos da dívida soberana, especulando a favor da curva de juros.
O gráfico acima revela como esse movimento está disseminado entre as bolsas de valores no mundo inteiro. A linha preta revela o desempenho do ETF MSCI World e a linha vermelha revela o desempenho do ETF MSCI Emerging Markets. Tanto no global, quanto no segmento de praças emergentes, houve formação de pico em de 2018, ambas ainda distantes de retomar aproximação com a máxima.
O movimento destes dois importantes ETFs é perfeitamente compreensível quando comparado à inclinação da curva de juros futuros de vários países desenvolvidos e emergentes. A nível global, desde 2018 o mercado está menos atento a equities e mais focado em bonds, o que tem deixado um segmento em ponta vendedora e outro em ponta compradora.
No entanto, a praça brasileira não tem se deslocado conforme a média global, nem muito menos aos seus pares emergentes. O Ibovespa sequer perdeu o pico registrado em 2018.
A excepcionalidade da praça brasileira está muito clara no gráfico acima. A linha vermelha mostra o deslocamento do ETF MSCI Emerging Markets e a linha preta mostra o deslocamento do Ibovespa.
Justamente no momento em que foi confirmada a vitória de Jair Bolsonaro, houve uma inflexão nas trajetórias, com o Brasil acelerando o bullish e os emergentes em correção/lateralização.
Comparado as outras praças, as quedas tem sido menos dolorosas no Brasil e as altas mais intensas. Essa resiliência da praça brasileira é atípica para nossa história e já acumula um período relevante, eliminando diagnósticos/conclusões referente à drivers de curto prazo. Contracenando com cenário global, a persistência desta característica continua deixando o Brasil muito bem na foto.
Para uma assessoria personalizada e gratuita, clique aqui e agende uma reunião! Você receberá uma ligação minha, no dia e horário determinado.