Não estamos vivendo um momento como o da Crise de 2008, que foi uma crise econômica e não apenas financeira (sell off) em venda de ativos como a atual que estamos vivendo. Essa crise ainda não teve impactos discrepantes na economia real (como quebras de bancos e grandes empresas).
Para que isso não aconteça, para que essas vendas e as restrições causadas pelo Coronavírus não restrinjam o crédito privado transmitindo a crise para economia real o mercado financeiro está “pressionando” os Governantes para medidas mais enérgicas, não apenas monetárias, mas também fiscal, sobretudo na China e Estados Unidos.
Cenário atual
Mas diante do cenário atual de correções nos mercados, podemos usar o exemplo (radical) de 2008 para avaliarmos o que aconteceu na Bolsa Brasileira:

Este gráfico acima é o do Ibovespa durante a Crise de 2008, no momento de pânico depois da quebra do Banco Lehman Brothers, as ações começaram a precificar uma crise econômica, com forte saída de investidores estrangeiros do Brasil.
Comportamento dos investidores na crise
Naquela época o Ibovespa caiu cerca de 60% em 3 meses, e levou 14 meses para recuperar o mesmo valor, depois de medidas econômicas Governamentais. Nesse cenário 3 comportamentos de investidores podem ser observados:
Primeiro cenário (pânico): Embora maioria dos Investidores estivessem posicionados anteriormente ao pico, muitos realizaram os prejuízos vendendo suas ações durante a queda total de 59%.
Segundo cenário (resiliência): Os Investidores que permaneceram com suas ações e fundos recuperaram valor investidos em 14 meses (no pior cenário de ter comprado no topo). Fundos de ações recuperam antes com menos risco (volatilidade) devido a diversificação e de maneira mais valorizada do que o Ibovespa.
Terceiro cenário( oportunidades): Investidores que permaneceram com seus ativos, e possuíam disponibilidade de recursos para realizar compras ao longo das quedas, conseguiram aproveitar parte da subida de 143% que aconteceu do pior cenário ao pico seguinte. Depois dos 25% em média dos aportes, agora estamos esperando maiores correções e desdobramentos internacionais para posicionar novas compras.
Consenso do mercado
Assistindo os Gestores de Fundos e Investidores Profissionais nos Estados Unidos entre ontem e hoje, o consenso entre eles é: As medidas do Governo até agora foram interpretadas como insuficientes e que diante desse cenário, novas quedas virão, precificando o risco de uma transmissão financeira para a economia real por meio da restrição de crédito. Seguimos monitorando, fazendo um filtro das informações com fontes seguras e tentando trazer dados que nos auxiliem no processo decisório.
CDS
Um dos principais indicadores que monitoramos é o CDS (Credit Default Swap) tambem chamado de Risco País, ele é um dos principais indicadores de risco e disparou, influenciando a renda variável pois é inversamente proporcional à Bolsa (gráfico abaixo).

O indicador mais utilizado por analistas fundamentalistas para medir o preço de uma ação é o P/E ou P/L (Preço por lucro). Conforme gráfico abaixo, o PL da Bolsa Brasileira já caiu muito em relação ao nível (natural para mercado otimias e perspectivas de lucros crescendo) que vinha sendo negociado.
Hoje devido a saída de capital estrangeiro por conta da crise internacional que se configura, ja está negociando abaixo da média histórica, deixando a bolsa brasileira “barata” em relação ao lucro das empresas. Porém sabemos que em movimentos atípicos como este o curto prazo pode cair ainda mais, portanto, será uma boa oportunidade, mas o ideal é aguardar a estabilização internacional.

Quando os mercados vão se acalmar?
Em meio à incerteza sobre o Coronavírus e os preços do petróleo, passamos por período de alta volatilidade no Brasil em função dos acontecimentos Internacionais. Não é a primeira vez que isto acontece, mas quando os mercados vão se acalmar?
Deste modo, acreditamos que dependerá muito dos impactos observados, e ainda incertos, na economia real. Se afastando um pouco do efeito midiático e de pânico vivenciado nos dias atuais. Em paralelo a isso, a velocidade e intensidade dos movimentos dependerão das medidas anunciadas pelos Governos, sobretudo Americano e Chinês, nos próximos dias.
Quanto tempo dura o pânico?
Segundo estudo da XP Investimentos, adotando o S&P 500 (principal índice de ações Norte Americano) como indicador de atividade global e analisando os eventos anteriores, pode-se gerar uma estimativa de quanto tempo o mercado levou para se recuperar de acordo com o impacto dos eventos.
Em 2020, com o impacto do Coronavírus e dos preços do petróleo, o S&P rompeu a barreira dos 10% de queda em 24 de fevereiro. De acordo com o estudo, em momentos em que o S&P caiu 10% ou mais, os mercados demoraram cerca de 4 meses para se recuperarem.

O que o investidor deve fazer?
Desde a segunda feira de Carnaval, dia 24, quando mercado estava fechado no Brasil, viemos trazendo dados sobre esse momento atípico para auxilar o investidor no processo decisório. Nosso entendimento é de que o investidor posicione sua carteira de renda variável para longo prazo, fugindo das altas volatilidades.
Aqueles que estão abaixo da alocação em ações recomendada para o seu perfil ou seus objetivos, aproveite a oportunidade para aumentar sua exposição de forma gradual, temos recomendações de bons produtos. Por ser um movimento de proporções Geopolíticas mundiais, é mais difícil prever exatamente o ponto mais baixo do atual movimento de mercado, porém, isto não é necessário para fazermos bons investimentos.
Com base no cenário de longo prazo, a bolsa de valores apresenta o maior retorno potencial para os próximos anos e o investidor que montar sua posição gradativamente ao longo das semanas tende a capturar este prêmio.