No dia de ontem (21/01/2020), bolsas pelo mundo todo fecharam em forte baixa e a justificativa se deu pelo medo da propagação de um novo tipo de coronavírus. Detectado primeiramente em um mercado de frutos do mar, na cidade de Wuhan, China, o vírus já infectou mais de 540 pessoas, em 13 províncias chinesas, com 17 mortes registradas. O temor aumentou após a confirmação de que o vírus é transmissível entre humanos.
Além da China, casos registrados nos Estado Unidos, Tailândia, Taiwan, Japão e Coreia do Sul ampliam o medo de uma epidemia maior no momento em que a China inicia seu período mais movimentado de viagens do ano: os feriados do Ano Novo Lunar.
Por que tal vírus amedronta o mercado financeiro mundial?
Em 2003, um surto de coronavírus – que causa infecções respiratórias como a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) – originado na China infectou mais de 8.000 pessoas e matou quase 800, uma taxa de letalidade de aproximadamente 10%. Naquele ano, a economia chinesa foi fortemente golpeada por causa do vírus, estrangeiros deixaram de visitar o país e os habitantes ficaram amedrontados de sair de casa, deixando de fazer compras, comer, viajar e se entreter.
Apesar de relacionarmos a China a uma economia altamente industrializada, o consumo corresponde pela relevante fatia de 40% do PIB do país, o que faz com que episódios como este causem grande impacto na sua economia.
Reflexos no PIB
Estudos realizados em 2004 mostraram que a economia chinesa teve um custo total de US$25 bilhões no ano anterior, em razão do coronavírus. Com os setores de turismo e consumo baqueados, estima-se que o PIB Chinês decresceu de 1% a 2%, exclusivamente em razão da epidemia de SARS. Além de China, estima-se que o sudeste asiático também tenha perdido 0,5% do seu PIB em 2003.
Atitudes das autoridades no passado
No passado, as autoridades chinesas foram acusadas de não terem tomado as precauções necessárias para evitar o proliferamento do vírus. Desta vez, as atitudes das autoridades, bem como seu grau de transparência, nível de conhecimento e preparação dos serviços de saúde são completamente diferentes.
Quando o primeiro caso de SARS foi detectado na cidade chinesa de Foshan, em novembro de 2002, ele não foi relatado à autoridade sanitária local. Quando ficou claro que uma doença misteriosa havia surgido, toda a cobertura da mídia foi rigorosamente suprimida, vindo a ser divulgada nos jornais de Pequim apenas ao final de março de 2003.
O que esperar desta vez?
Desta vez parece ser diferente. As autoridades chinesas já sequenciaram e publicaram o genoma do vírus e, na terça-feira, o Partido Comunista declarou que qualquer funcionário que tentasse encobrir infecções seria marcado como “um pecador por toda a eternidade“. Além disso, os serviços médicos na China – e em toda a Ásia – são muito mais sofisticados do que há 17 anos, a comunicação é melhor, o conhecimento dos surtos virais e a preparação para lidar com eles também.
Em 2019, o PIB Chinês cresceu 6,1% comparado ao ano anterior, seu pior ritmo em 29 anos, em meio à guerra comercial com os Estados Unidos. Uma epidemia mortal não era o que o país asiático esperava neste momento de necessidade de retomada econômica.
Em resumo, a menos que a gripe Wuhan se mostre muito mais facilmente transmitida, com uma taxa de mortalidade muito maior que a SARS, há boas razões para acreditar que o atual surto possa ser contido muito mais rapidamente, com muito menos mortes e menores efeitos para a economia chinesa.
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