O grupo conhecido como Opep+, formado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Rússia e outros grandes produtores de petróleo, fecharam um acordo histórico neste último domingo, 12 de abril.
Cortes na produção
A redução da produção de petróleo será de 9,7 milhões bpd (barris por dia) nos meses de maio e junho, volume que representa cerca de 10% da oferta global. Esse foi o maior acordo da história do cartel para redução da produção.
Arábia Saudita vs Rússia
Apesar de alguns analistas ainda considerarem insuficiente, alcançar a redução da produção sobre 10% da oferta total de petróleo no planeta não foi nada fácil. Durante o mês de março, Rússia e Arábia Saudita protagonizaram um duro embate no mercado, elevando o nível de tensão em vários outros players produtores globais.
Interferências Americanas
O embate entre russos e sauditas forçou até mesmo uma intervenção dos Estados Unidos na Opep, crítico histórico do cartel, com objetivo de apaziguar os ânimos para que as negociações fossem retomadas.
Nos últimos anos os Estados Unidos vem aumentando cada vez mais seu poder de influência no mercado global de petróleo, em função da explosão de produção de xisto local. Atualmente, milhares de empregos estão vinculados à indústria do xisto norte-americana. Como o custo de produção não é tão barato quanto o de grandes players globais, os Estados Unidos precisam lutar por certa estabilidade no preço do barril, caso contrário uma cadeia relevante de sua indústria poderá sumir do mapa.
No cenário atual, dados do Departamento de Energia dos Estados Unidos revelam que os produtores de petróleo norte-americanos pretendem cortar a produção entre 2 a 3 milhões de bpd, devido a queda do preço do barril de petróleo tipo light para 22,76 dólares e do preço do barril de petróleo tipo brent para 31,48 dólares.
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‘Hay problemas’
Na última semana surgiu um impasse inesperado do México, um dos integrantes da Opep+. Por conta disso não houve divulgação de uma decisão firme na reunião realizada na última quinta-feira, dia 09/04/2020.
O México não concordou em reduzir sua cota de produção (300.000 bpd), bloqueando o acordo que vinha sendo desenhado nas últimas semanas. Novamente os Estados Unidos interviram, assumindo que compensariam o que o México não pudesse cortar de sua produção.
Finalmente, o acordo foi fechado, com o México assumindo corte de “apenas” 100.000 bpd.
Mesmo assumindo a cota de cortes do México, o presidente dos Estados Unidos comemorou o acordo, elogiando inclusive o presidente da Rússia, Vladimir Putin (gesto raro) e o rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, da Arábia Saudita, ressaltando que o acordo vai poupar centenas de milhares de empregos no setor de energia norte-americano.
Petróleo Brent

O barril de petróleo tipo Brent chegou a ser negociado aos 24,74 dólares, no auge do desentendimento entre Rússia e Arábia Saudita, coincidindo, também, com as semanas de pânico nas bolsas de valores (acionando circuit breakers em várias praças financeiras globais).
Para se ter uma ideia da intensidade da queda, no início deste ano o barril do Brent era negociado a cerca de 70 dólares. Em 2018, o barril chegou a ser negociado aos 85 dólares.
Traders de petróleo tendem avaliar nos próximos dias não somente os números deste corte histórico de produção da Opep+, mas também o retorno da articulação do cartel, agora com novos players atuando com protagonismo para sustentação do mercado de energia.