O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu nesta última quarta-feira (5) cortar novamente a taxa básica de juros, avançando para uma nova mínima histórica. Com o novo corte, a taxa Selic caiu 0,25 p.p., de 4,50% ao ano para 4,25% ao ano.
Corte na Taxa Selic atende expectativas do mercado
A decisão do Banco Central ocorreu em linha com boa parte das expectativas do mercado.
Um novo corte na taxa Selic de de 0,25 p.p. era amplamente esperado por conta do nível ainda relativamente fraco da atividade econômica, combinada com a expectativa de manutenção da inflação ancorada na meta, mesmo com os repiques de preço considerados pontuais pelos analistas/economistas, como na recente alta do preço da carne.
Projeções da Inflação e Taxa Selic para 2020 e 2021
As projeções da autoridade monetária apontam para uma inflação em torno de 3,50% em 2020 e 3,80% em 2021, trabalhadas dentro de um cenário de taxa de câmbio constante em R$ 4,25, juntamente com Selic inalterada de 4,50% ao ano, durante todo o exercício de previsões.
Com o modelo de projeções do Banco Central apontando para uma inflação ancorada ao redor da meta a ser perseguida em 2021 (3,75%), próximo dos números registrados em 2017, 2018 e 2019 (o que revela o importante aspecto do período relevante de estabilidade de preços), os diretores do Comitê entenderam que existia uma janela de oportunidade para realizar corte adicional na Selic, levando-a 4,25% ao ano.
Discurso de cautela
No comunicado divulgado após a reunião de Comitê, o Banco Central manteve o trecho de cautela na condução da política monetária e acrescentou que, considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o Comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária.
Impacto no Dólar
O fato de o Banco Central expressar claramente que não haverá novos cortes na taxa básica de juros (ao menos no curto prazo) pode aliviar a pressão do dólar sobre o real, já que alguns players de mercado esperavam continuação do ciclo de afrouxamento monetário e cobravam este preço exigindo um dólar mais caro.
Agora, com as portas fechadas para novos cortes, o câmbio perde um importante driver que o estava puxando para cima (expectativa de juros mais baixos). Num eventual cenário de recuo do dólar frente ao real no curto/médio prazo, os modelos de inflação do Banco Central tendem a refletir menor pressão sobre os preços, resultando numa expectativa de IPCA menor do que o atualmente projetado para 2021, o que, por sua vez, poderá abrir nova porta para corte adicional na taxa básica de juros.
Decisão momentânea?
Não por acaso, a autoridade monetária manteve em seu comunicado o trecho que enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, com peso crescente para o ano-calendário de 2021. A interrupção do ciclo de afrouxamento monetário parece ser uma decisão de curto prazo, que pode sofrer alterações a médio/longo prazo.
Estratégia estrangeira
A estratégia de operar política monetária com juro real baixo (ou mesmo negativo) vem sendo adotada há muitos anos por banqueiros centrais de países desenvolvidos e, mais recentemente, nos últimos anos, também por bancos centrais de economias emergentes.
No Chile, por exemplo, a taxa básica de juros está em 1,75% ao ano, contra uma inflação de 3% nos últimos 12 meses. Na Coreia do Sul, a taxa básica de juros está em 1,25% ao ano, contra uma inflação de 1,5% nos últimos 12 meses. Já na China, a taxa básica de juros está em 4,15% ao ano, contra uma inflação de 4,40% nos últimos 12 meses. Enquanto que na India, a taxa básica de juros está em 5,15% ao ano, contra uma inflação de 9,63% nos últimos 12 meses.
Considerando o cenário macro atual observado em seus mercados pares, a atuação do Banco Central brasileiro pode ser avaliada até como conservadora, já que ainda existe juro real positivo no nosso país (algo raro de se observar nos tempos modernos).
Juro zero ou negativo é um fenômeno global contaminante sem precedentes na história, com cada vez mais países aderindo a este panorama muito conveniente do ponto de vista fiscal e econômico.
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