Nada mais nada menos do que um dos maiores bancos de investimento do mundo, com mais de 2 trilhões de dólares em ativos sob gestão, começa apresentar sinais positivos com relação ao cenário de médio e longo prazo brasileiro.
José Berenguer Neto, presidente do JP Morgan no Brasil, explicou os motivos responsáveis pela melhora de diagnóstico do banco de investimento para o país. Um dos principais pontos que sustentam o nosso potencial favorável está na junção das condições externas com a arrumação macro interna.
Atualmente, existe uma situação absurda de abundância de recursos atolados nas principais praças financeiras mundiais, basicamente por falta de alternativas de alocação com razoável relação de risco versus retorno. Cerca de 13 trilhões de dólares estão espalhados no mundo, alocados em ativos de rentabilidade zero ou negativa.
Ao mesmo tempo, com o envelhecimento da população global, os fundos de investimento (principalmente os de pensão) precisam buscar mais duration nos papéis que ainda restam de renda fixa com algum prêmio, ou correr para o risco da renda variável. Com as políticas monetárias dos principais banqueiros centrais mundiais rodando estratégias dovish, não há perspectiva para renda fixa voltar a entregar os retornos observados nas décadas passadas, o que alimenta a busca por retorno em outras classes de ativos mais arriscadas e/ou empurra fluxo para as praças financeiras emergentes.
Os fundos estrangeiros ainda rodam com alocação em países emergentes abaixo da média histórica, por conta dos diversos problemas políticos e econômicos constatados nos últimos anos, não somente no Brasil, mas em várias outras praças financeiras concorrentes diretas, como Rússia, Turquia, África do Sul, México, Argentina, além de alguns países na Ásia e Europa Oriental.
Entre esse grupo nada desprezível de países com grandes gargalos, o Brasil é um dos poucos que oferece democracia estável, instituições independentes e em pleno funcionamento e gigantesco potencial de investimentos (principalmente em infra-estrutura). O Brasil, também, é um dos poucos países que estão, neste momento, esforçando para superar seus grandes gargalos.
A agenda de reformas microeconômica e macroeconômica tende acelerar a partir do segundo semestre deste ano, com o governo atacando problemas estruturais em diversas frentes ao mesmo tempo. A reforma da previdência é apenas a primeira (e mais pesada) peça do efeito dominó que poderá acontecer nos próximos anos.
Aprovar a reforma da previdência é importante não somente para engatar a primeira marcha da agenda de reformas e retomada da sustentabilidade fiscal e econômica, mas principalmente para atrair atenção dos players globais. Os estrangeiros estão acompanhando de longe a situação brasileira e não demonstram pressa para aportar recursos no país. Querem ter mais clareza do horizonte de médio e longo prazo e, para isso, precisam ver as reformas passarem no Congresso.
Superada a barreira mais complicada (previdência), com Paulo Guedes livre para bombardear alvos menores tanto no micro, quanto no macro, a atratividade do Brasil pode saltar nas mesas de operações dos players globais, até porque alguns indicadores relevantes já estão no ponto para o abate do fluxo de capitais.
A taxa Selic nunca se manteve estável, em mínima recorde, por tanto tempo, conforme pode ser observado no gráfico acima. É um fenômeno positivo que estamos experimentando pela primeira vez na história.
Juntamente com o recuo histórico da Selic, a inflação brasileira demonstra característica de oscilação bem mais favorável do que a observada no passado, o que ratifica sustentabilidade no movimento da taxa básica de juros.
Se no passado era difícil o Banco Central conseguir fazer a inflação cair para cerca de 4% ao ano, agora parece difícil fazer a inflação superar os 4% ao ano. Atualmente, é mais fácil a inflação cair para 3% do que subir para 6%, como volta e meia ocorria no passado.
A gestão anterior de Ilan Goldfajn à frente do Banco Central fez um trabalho de política monetária fenomenal, acabando com uma das maiores preocupações de investidores e empresários.
Sem inflação, com juros baixos e reformas relevantes em andamento, o Brasil dos dias atuais é bem diferente da novela dramática que perdurou durante quase toda essa década. Há muitos anos não observava uma melhora do diagnóstico deste nível. Ainda há muito a ser feito pela frente, mas, pelo menos, desta vez, parece que estamos na trajetória certa.
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