O dólar voltou ultrapassar a barreira dos R$ 4,00 nesta última quinta-feira, gerando grande alvoroço no mercado. O fato de poucos conseguirem se recordar que cerca de cinco anos atrás, ainda no governo Dilma, o dólar oscilava na casa dos R$ 2,00, serve como alerta para o rumo que o nosso país está tomando.
A realidade dos R$ 2,00 no passado se transformou em R$ 4,00 nos tempos atuais. A trajetória de perda de força do real é mais do que justificada pela deterioração dos nossos fundamentos macroeconômicos.
Apesar da vontade, do poder executivo, de avançar com sua agenda de reformas estruturantes, nenhum sinal de perspectiva mais positiva para o futuro foi enviado ao mercado nestes últimos meses.
A esperança que se criou no mercado a partir da mudança de governo ocorrida nas eleições de 2018 foi se esfarelando aos poucos, na medida em que o ambiente foi se mostrando cada vez mais hostil por parte do poder legislativo.
No gráfico acima pode-se notar que o dólar parou de cair, formou fundo e reverteu a trajetória (começando a subir), exatamente quando se iniciaram as atividades no Congresso, no mês de fevereiro.
Os meses foram passando e o dólar continuou a subir, refletindo o clima político cada vez mais adverso no Congresso. A tal da lua de mel que o governo supostamente teria com o mercado, muito explorada pela imprensa brasileira, não ocorreu. O mercado passou a cobrar o preço logo quando se iniciaram os trabalhos.
A elevada fragmentação de partidos políticos dentro do Congresso era um desafio mais do que conhecido pelo mercado, porém, esperava-se que uma articulação bem feita por parte do governo poderia gerar resultados positivos.
Entretanto, os próprios parlamentares se encarregaram de quebrar essa expectativa positiva do mercado rapidamente. Independente do motivo, fato é que a articulação do governo não tem funcionado desde o início dos mandatos no poder legislativo.
O mercado entende que sem uma articulação forte neste país, é praticamente impossível fazer qualquer mudança relevante. Desta forma, os velhos problemas de baixo crescimento, desemprego elevado e fiscal insustentável vão se avolumando, não deixando outra opção ao mercado, a não ser cobrar o preço nos ativos de risco.
Não por acaso, a bolsa perdeu os 93.000 pontos e o dólar passou dos R$ 4,00. Se continuarmos nesta paralisia, vai ser difícil convencer o mercado parar de bater no dólar e na bolsa. Considerando a gravidade do cenário macro, onde a própria agência de classificação de risco Fitch afirma que a reforma da previdência, sozinha, é insuficiente para estabilizar o endividamento ou mesmo estimular uma revisão positiva de rating, o que levamos até agora do Sr. Mercado foi apenas um puxão de orelha.
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