Diversos colegas e clientes nos fizeram essa pergunta desde o início da crise econômica atual, dia 24 de fevereiro (segunda feira de carnaval). Naquele dia os mercados sofriam fortes quedas no exterior e estávamos com nossa bolsa fechada em decorrência do feriado. De lá para cá realizamos muitas reuniões, “lives”, artigos e conversas.
Deixaremos os links no final deste artigo, para referenciar de onde extraímos nossas frases e projeções que recordaremos a seguir.
Para responder à pergunta do título, nossa abordagem permeou, desde o início, a seguinte lógica:
“Será uma das mais profundas crises, mas NÃO esperamos uma das maiores.”
Recuperação de uma crise econômica
Primeiro, porque “tamanho” de crise na ciência econômica se mede por “tempo necessário para recuperação”, mais precisamente para chegarmos ao nível inicial sob a ótica de PIB e emprego. Portanto desse ponto de vista, dadas prévias destes indicadores econômicos, estamos diante de uma das mais profundas (talvez segunda) crises econômicas da história, mas não uma das mais duradouras.
Diferentes de outras, esta é resultado de um choque de demanda causado por uma questão de saúde, temos uma perspectiva de “data” para essa crise econômica acabar. Para se ter uma noção, na grande crise de 2007/2008, o nível de emprego nos EUA demorou 10 anos para chegar no mesmo nível pré-crise.

Segundo, porque o maior risco deste quadro tornar proporções maiores, aconteceria se os Governos e Bancos Centrais do mundo subestimassem o movimento e demorassem a agir. E como trazemos todos dias, especialmente neste conteúdo felizmente, o contrário veio acontecendo.
Foram, sem comparação, os maiores pacotes de estímulo da história da economia, 10 vezes maiores do que da Grande Crise de 2008. E não só em tamanho, mas em velocidade de aprovação e aplicação. O que demoramos alguns trimestres e anos em 2008, demoramos apenas semanas em 2020, muito pela questão moral da crise econômica atual e da urgência em saúde pública.
Diferente de crises anteriores, continuando com o exemplo de 2008, naquela crise procurávamos os culpados, a Câmara e Senados dos EUA demoravam a aprovar os pacotes em função da questão moral de socorrer banqueiros.
Tamanho dos pacotes (apenas fiscais) em % do PIB:

Projeção da Dívida Pública dos Estados Unidos em % do PIB, antes e depois da crise econômica atual:

Terceiro, por estarmos vivendo o maior período de liquidez da história mundial da economia. Onde nunca as taxas de juros foram tão baixas, inclusive com diversos títulos públicos rendendo taxa real negativa (e pela primeira vez também negativas nominalmente). Isso facilitou com que os agentes financeiros expandissem os QE’s sem pressionar as curvas de juros dos Tesouros, expandindo muito a Dívida/Pib sem pressionar o custo de rolagem ou o risco país.
Explicamos esses movimentos detalhadamente neste post: Indicadores ao Investidor VII
Até mesmo países com economia instável estão conseguindo rolar a nível históricamente baixos, conforme vemos na imagem abaixo:

Diversos foram os materiais e indicadores que apresentamos para fundamentar essa perspectiva, tanto aqui no blog, como em nossas reuniões e lista de transmissão aos clientes.
Hoje, neste linha, me chamou atenção o comentário de Chris Rupkey, economista-chefe da MUFG em Nova York: “O pior já passou para a economia, ainda não conseguimos ver uma recuperação em forma de V, mas pelo menos essa parece a menor recessão da história, que será medida em meses, não em anos.” Logicamente quando tratamos desses assuntos estamos sobretudo abordando os efeitos nas economias centrais do sistema: Estados Unidos, Alemanha e Japão.
As diferenças de realidade das empresas dentro da crise econômica atual:
Embora meçamos as crises na ótica macroeconômica, ou seja, indicadores nacionais; sabemos que existe um abismo entre na realidade vivida entre os agentes que compõem a economia de um país. Neste sentido viemos raciocinando da seguinte maneira:
“Essa crise terá um impacto muito maior nas micro, pequenas e médias empresas, e para o trabalhador; do que para as grandes empresas e economias”
Fundamentamos esta conclusão na seguinte lógica:
– Acesso aos pacotes de estímulo Governamentais;
– Modelos de negócio inovadores e nível de tecnologia;
– Juros mais baixos (renegociação de dívidas);
– Posicionamento internacional e diversificado no mercado consumidor;
– Maior interesse nacional (e governamental) nas grandes empresas (defesa de empregos em massa);
– Maior caixa em relação às dívidas de curto prazo;
– Possibilidade de demissão e férias coletivas com maior velocidade;
– Ganho de mercado e market share em função de empresas que quebrarão.

Isso tudo, infelizmente para as pequenas e médias empresas, vem sendo observado. Sendo evidenciado pelos resultados trimestrais das companhias brasileiras listadas em bolsa (alguns surpreendendo positivamente dada expectativa) e pela quantidade de empresas menores que estão declarando falência.
Como geralmente observados e relatamos anteriormente, as empresas gigantes e os oligopólios, tendem a sair das crises maiores e mais fortes. Até mesmo entre as grandes listadas em Bolsa nos Estados Unidos, esse movimento fica evidente:

Os resultados do primeiro trimestre evidenciam grande diferença entre o tamanho das empresas norte americana e suas capacidades de superarem os impactos da atual crise. As empresas gigantes cresceram lucros em média 9%, quando somadas as pequenas e médias com capital aberto, o lucro passa a cair 42%.
Qual impacto para meus Investimentos no Mercado de Capitais?
“No mercado financeiro temos velocidade, liquidez e diversas alternativas que não possuímos em nossos negócios na economia tradicional, física.”
Quando relatamos isso a nossos clientes, nossa intenção é mostrar que diferente da realidade vivida em seus empregos ou em suas empresas, o mercado financeiro possui liquidez e produtos que rentabilizam e protegem o capital, independente do cenário econômico:
É possível você proteger seu capital por meio de hedges e ativos como: dólar (movimento aconteceu como previsto nos webinares), ouro (idem), renda fixa, fundos macro, fundos globais, fundos quantitativos, special situations, multiestragégia, short (ganhar dinheiro na queda das ações), entre outros. Tudo isso com liquidez imediata e facilidade de um clicar na tela do celular.
Para conhecer esses produtos (conforme gráfico abaixo) dos mais conservadores aos mais agressivos, entre em contato conosco.
Variação desde início da crise, produtos Hedge (Proteção) X Ibovespa (preto):

Não possuímos esse tipo de alternativa em nossos negócios, infelizmente não conseguimos proteger nosso capital alterando nossa própria empresa ao clicar em um botão, e por isso fundamentamos nossas estratégias na seguinte lógica:
“A recuperação da economia real será muito mais lenta e gradativa do que a do mercado financeiro.”
E desde então é isso que vemos observando nas economias e mercados mundiais e brasileiro.
O que o investidor deve fazer?
Foi, e continua sendo, este o principal motivo de nossos artigos diários, bem como de nossa profissão. Apresentar cenários, produtos e estudos de indicadores; para auxiliar o investidor no processo decisório.
No dia 12 de março ainda vivíamos circuit brakers nos mercados na crise atual e nossa bolsa brasileira (Ibovespa) já havia caído mais de 40%.

A perspectiva de consenso (refletida no preço dos ativos) do cenário econômico/financeiro mundial, eram os piores possíveis.
Neste mesmo dia, porém, finalizamos nosso conteúdo aqui no blog, cujo subtítulo era o mesmo desse acima, com a seguinte mensagem:
O que o investidor deve fazer? 12/03/2020
Aqueles que estão abaixo da alocação em renda variável recomendada para o seu perfil ou seus objetivos, aproveite a oportunidade para aumentar sua exposição de forma gradual, temos recomendações de bons produtos. Por ser um movimento histórico, de proporções mundiais, é mais difícil prever exatamente o ponto mais baixo do atual movimento de mercado, porém, isto não é necessário para fazermos bons investimentos.
Com base no cenário de longo prazo, a bolsa de valores apresenta o maior retorno potencial para os próximos anos e o investidor que montar sua posição gradativamente ao longo das semanas tende a capturar este prêmio.
Em seguida, no Webinar especial do dia 18/03, descrevemos detalhadamente nossas perspectivas e estratégias diante do cenário de crise. Indicando a importância do momento e as oportunidades daquela situação:
Daquele dia até hoje nossa Bolsa subiu 37% e a Bolsa dos Estados Unidos 36%.
Variação das principais bolsas mundiais + Ibovespa, do dia de nosso webinar, até hoje:

Portando, não se deixe tomar pela emoção e “achismo” em suas alocações de investimento, busque estudos e empresas que te auxiliam com fundamentos em suas decisões.
Não existem soluções simples para questões complexas.
Procure um profissional para elaborar um planejamento financeiro e um portfólio de investimentos que seja condizente com seus objetivos e perfil. Diversificação, liquidez, caixa para oportunidades, ativos de proteção, margem para ação nos momentos oportunos; esses serão principais aliados em sua construção de patrimônio.
Até o próximo artigo, quando traremos mais dados apresentando as expectativas nos mercados para as próximas semanas, um abraço!
Links para referenciar as perspectivas e frases citadas no artigo de hoje:
Investimentos no Cenário atual e os Impactos Financeiros do Coronavírus
Coronavírus: a Crise de 2008 em 2020?