A unanimidade de adesão aos lockdowns generalizados como estratégia mais eficaz no combate ao coronavírus pode não ter provocado resultados satisfatórios aos governos de diversos países, que se sentem forçados, no momento atual, tomarem ações emergenciais e de respaldo técnico duvido, para salvar suas praças de um desastre econômico e social sem precedentes na história.
Alerta do FMI
Nesta terça-feira o FMI (Fundo Monetário Internacional) alertou que sem uma vacina ou tratamento eficaz ao coronavírus, as medidas de diversos governos adotadas neste momento para retorno das atividades econômicas estão numa zona de indefinição em que os benefícios de uma retomada das atividades (o que permitirá certa redução dos gigantescos impactos na economia) correm na mesma raia dos riscos relacionados aos custos adicionais em caso de uma segunda onda de infecções.
Alguns casos de sucesso observados na Ásia podem minimizar os riscos de uma segunda onda. Entretanto, vários governos ocidentais tem encontrado dificuldades para implementar medidas semelhantes à Coreia do Sul, por exemplo. O case de sucesso dos sul-coreanos basicamente se baseia em testes com larga escala, isolamento obrigatório e pró-atividade na busca de casos potenciais, além da disseminação da digitalização, com tecnologia de rastreamento do deslocamento das pessoas.
A instituição reconhece que além do impacto econômico, a questão psicológica sobre os cidadãos é um ponto relevante a ser considerado e compreende o desejo de retorno às atividades. Entretanto, as estratégias de retomada precisam ser coordenadas e eficazes, para assim evitar que uma segunda onda provoque traumas ainda maiores.
Cada dia pior…
A cada semana que passa, as projeções para os próximos meses pioram ainda mais, o que aumenta a pressão sobre os líderes políticos. A Índia, por exemplo, anunciou nesta terça-feira um plano de socorro de 20 trilhões de rúpias, incluindo ações coordenados entre governo e Banco Central. A medida de reativação econômica equivale a 10% do PIB do país.
Estratégia da Índia
Com toda essa munição, a Índia pretende alcançar a autossuficiência, movimento em linha com medidas protecionistas e nacionalistas já observadas em vários outros países nos últimos dias/semanas. Segundo o primeiro-ministro indiano, Narenda Modi, a crise do coronavírus oferece uma oportunidade para que seu país alcance o status de uma potência autossuficiente neste século.
Para isso, a Índia tem como estratégia, fortalecer as redes de suprimentos locais, com foco nas pequenas e médias empresas. Mais detalhes sobre o plano ambicioso indiano serão divulgados ao longo dos próximos dias.
Estratégia do México
No México, o governo de esquerda de Andrés Manuel López Obrador antecipou o processo de reabertura econômica para que indústrias de diversos segmentos, como automobilística, construção civil, turismo e business voltados para exportação, voltem a operar normalmente.
Apesar da pressa na reabertura das atividades, o governo mexicano reluta em adotar medidas que estão em prática em outras economias, como realização de mais testes em massa na população. O sub-secretário da Saúde, Hugo López-Gatell, considerado o principal porta-voz do governo mexicano durante a pandemia do cornavírus, disse que seu país não precisa de mais testes para poder tomar decisões.
Dentre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o México é o que realizou menos testes para detectar o coronavírus. A média de testes entre os países da OCDE está em 22,9 para cada 1.000 habitantes. O México realizou apenas 0,4 testes para cada 1.000 habitantes.
Todo cuidado é pouco
A pressa para reabertura econômica neste momento de qualquer país, sem as precauções devidas, principalmente com os testes em massa e monitoramento eficaz dos infectados, pode prejudicar toda a vitória conquistada nas últimas semanas/meses com o achatamento da curva epidemiológica e ainda provocar um novo surto ainda mais danoso.
Ainda não é possível constatar ações/comprometimentos unânimes entre G20, BRICS, OCDE, entre outros, de forma que possa tranquilizar as instituições, bem como a população de todo o planeta.