Todos os membros votantes do Comitê de Política Monetária do FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos) optaram por manter inalterada a FFR (Federal Funds Rate – taxa básica de juros) no intervalo entre 2,25% a 2,50% ao ano nesta última quarta-feira.
A decisão está alinhada com a estratégia de política monetária revisada no final do ano passado e não surpreendeu o mercado. Entretanto, alguns analistas e economistas ficaram desapontados com o fato de o comunicado divulgado após a reunião de Comitê não ter indicado pistas sobre uma eventual entrada em ciclo de afrouxamento monetário.
Burburinhos começaram a correr em Wall Street nestas últimas semanas em função de a inflação estar abaixo da meta de 2% a ser perseguida pelo FED, o que poderia justificar um futuro movimento de corte na FFR. O núcleo de inflação, indicador preferido da autoridade monetária norte-americana, recuou para 1,6%, razoavelmente distante da meta.
A pressão por uma sinalização de corte na FFR aumentou nos últimos dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter solicitado redução de 1 ponto percentual na FFR, voltando para o intervalo entre 1,25% a 1,50% ao ano.
Importante ressaltar que durante o quarto trimestre de 2018 o presidente dos Estados Unidos começou a fazer duras críticas ao FED em função do ciclo de aperto monetário em curso. Coincidência ou não, após a gritaria de Trump, o FED promoveu uma guinada na estratégia de política monetária no mês de dezembro/2018, tirando do radar elevações projetadas para 2019, interrompendo, assim, o ciclo de elevações na FFR antes do previsto.
O mercado não somente enxergou nitidamente a pressão de Trump sobre a política monetária do FED, como considerou um evento positivo, simplesmente por ter forçado um viés mais dovish para a política monetária.
Talvez, por conta da eficácia na primeira intimidação de Trump contra o FED ano passado, alguns analistas e economistas esperavam que esta nova pressão por redução de 1 ponto percentual na FFR iria funcionar também.
Até o momento, o FED não demonstra vontade de ceder a este novo desejo de Trump. A autoridade monetária norte-americana vai adotar uma política de paciência daqui pra frente, ou seja, manter inalterada a FFR enquanto analisa melhor os dados de inflação, crescimento e emprego nos próximos meses.
Mesmo com o crescimento robusto da economia e mercado de trabalho aquecido (já são quase 10 anos de expansão ininterrupta do PIB com queda significativa da taxa de desemprego, alcançando mínima recorde), a inflação segue atipicamente baixa.
No entanto, o FED acredita que o momento de inflação baixa é transitório e logo os indicadores retornarão para o centro da meta de 2%. Jerome Powell, chairman do FED, frisou em sua entrevista concedida à imprensa que a inflação baixa não iria persistir por muito tempo.
De maneira geral, o balanço de riscos do FED exige realmente cautela, não somente pelos eventos internos (como aceleração do PIB do 1 TRI/2019 acima do previsto), mas, também, com perspectivas menos pesadas para os eventos externos (Brexit mais organizado, arrefecimento da disputa comercial contra a China com um possível acordo próximo de ser alcançado, BCE atuando para sustentar o crescimento na Europa e melhora no ambiente das praças emergentes), o que tecnicamente corroboram para o fortalecimento econômico e criação de pressão inflacionária.
Por outro lado, se a aposta do FED falhar (isto é, se a inflação não retornar para o centro da meta de 2% nos próximos meses), a pressão por cortes na FFR no segundo semestre de 2019 será ainda maior.
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