Costuma-se dizer no ambiente de mercado financeiro que o falso rompimento de uma importante linha de suporte é caracterizado como bear trap, o que significa, na tradução para o português, uma armadilha para urso.
Os ursos são conhecidos como investidores/operadores em posição vendida, ou seja, aqueles que apostam, naquele momento, na queda dos preços dos ativos. Os touros são conhecidos como investidores/operadores em posição comprada, ou seja, aqueles que apostam, naquele momento, na alta dos preços dos ativos.
A tensão no ambiente político local destes últimos dias acabou contribuindo para empurrar o Ibovespa ao principal patamar de sustentação de curto prazo: a linha de suporte localizada na região dos 93.500 pontos.
A perda deste importante patamar de sustentação poderia acionar um pivot de baixa, abrindo uma pernada descendente, adicionando mais pressão vendedora ao mercado, sem regiões de suportes relevantes próximas e/ou fragilizadas pela formação do pivot.
Por conta disso, a região é considera de extrema relevância para posições de curto prazo. Houve uma primeira tentativa de defesa da linha de suporte pelos touros do mercado na segunda e terça-feira desta semana. Entretanto, nesta última quarta-feira, surgiu um forte contra-ataque dos ursos, arrebentando a linha de suporte nos 93.500 pontos.
O índice Bovespa mergulhou para 92.000 pontos influenciado pelas declarações consideradas pessimistas do ministro da Economia, Paulo Guedes, durante audiência da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado na quarta-feira. Guedes avaliou que tem havido falha dramática do governo na articulação política no Congresso e também frisou não ter apego para seguir no cargo se não tiver apoio em suas propostas.
Somado com o sensacionalismo da imprensa, alguns investidores/operadores começaram a projetar possibilidade de Paulo Guedes sair do governo, o que provocou um início de pânico no pregão desta última quarta-feira.
Entretanto, nesta quinta-feira, Paulo Guedes apareceu para tirar fotos ao lado do todo poderoso Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, após um almoço de portas fechadas. Aos repórteres alvoroçados, ambos mostraram um discurso afinado a favor da reforma da previdência.
Guedes garantiu que o barulho gerado pelos atritos recentes vai diminuir e Maia reafirmou que seu foco é fazer as reformas que o país precisa. O ministro da Economia também disse acreditar que a reforma vai deslanchar e que tem recebido muito apoio do presidente da Câmara dos Deputados.
O discurso de Guedes mudou da água para o vinho na virada da quarta-feira para esta quinta-feira. O que antes era encarado como uma confissão de dificuldade política ou mesmo possibilidade de pular fora do barco, agora mudou para uma aposta de que a agenda pró-mercado do governo vai deslanchar.
A virada do discurso também provocou uma mudança no humor do mercado da noite para o dia, saindo de uma avaliação muito pessimista, para uma avaliação otimista. Os investidores/operadores que abriram posições vendidas de curto prazo com o discurso de Guedes na quarta-feira, pegando carona no rompimento da linha de suporte, tiveram de reavaliar suas posições com a forte alta desta quinta-feira.
Com a bolsa retomando os 93.500 pontos, os ursos acabaram caindo numa armadilha, o que pode ter forçado acionamento de stops em várias posições. Esse foi o primeiro Guedes trap no mercado, o que pode sinalizar que a volatilidade está voltando ao padrão observado em vários momentos nestes últimos anos.
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