Ameaçando em várias ocasiões entrar em fase de contração nos últimos dois anos, a atividade brasileira enfim revelou um expressivo movimento de expansão em pleno mês de agosto, justamente no timing onde alguns economistas/analistas apostavam numa brusca desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) ou mesmo entrada em período recessivo.
O Índice Gerente de Compras do Brasil saltou de 49,9 pontos em julho para impressionantes 52,5 pontos no mês de agosto, registrando forte expansão da atividade manufatureira. A pesquisa independente do Instituto Markit detectou aumento nas vendas das fábricas, que por sua vez voltaram a comprar insumos, recompor estoques e contratar funcionários.
O resultado do mês de agosto ficou um pouco acima da média histórica de longo prazo da atividade industrial brasileira, alcançado recorde de alta dos últimos cinco meses. Apesar de ser um indicador muito positivo, que pode auxiliar na quebra de diagnósticos exageradamente negativos observados nos últimos meses, a retomada de expansão da indústria brasileira não surpreende tanto quando se observa a série histórica.
O longo período de trajetória descendente, iniciado ainda em 2010, atingiu ápice de contração da atividade em 2016, onde desde então a indústria brasileira vem se recuperando. Nos últimos dois anos, todas as ocasiões em que o ritmo de expansão perdeu força e se aproximou dos 50 pontos, houve na sequência reação expressiva e imediata de retomada da expansão da atividade manufatureira.
A trajetória recente do Índice Gerente de Compras brasileiro revela não somente uma importante característica de resiliênia da atividade, contracenando com a desconfiança sobre a capacidade de recuperação da economia que ainda persiste nos noticiários, como também apetite da indústria para expandir negócios, bem diferente do período letárgico observado entre 2010 a 2016.
Outro destaque revelado pela pesquisa está na abrangência da retomada da atividade. O crescimento foi generalizado entre os setores de bens de consumo, bens intermediários e bens de investimento. Este último, extremamente importante para sustentação de um crescimento saudável de longo prazo.
Por fim, os empresários entrevistados relataram melhoras nas negociações de preços com fornecedores com a entrada de novos players no mercado, ponto importante para alívio na pressão sobre os preços. Os insumos aumentaram marginalmente em agosto, na taxa mais fraca desde janeiro. Consequentemente, os preços de venda nas indústrias subiram pouco, registrando alta mais fraca em quase dois anos.
Isso significa que a economia parece bem ajustada para um movimento sustentado de recuperação de longo prazo. Nos últimos anos/décadas, quase todos os momentos de recuperação da atividade brasileira esbarraram no entrave do crescimento da pressão inflacionária, o que forçava atuações do Banco Central na política monetária de um lado e medidas heterodoxas desesperadoras por parte do Planalto do outro lado, culminando num desordenamento macroeconômico.
Desta vez, a pesquisa revela um cenário diferente. A produção industrial atingiu recorde dos últimos cinco meses sem causar pressão inflacionária adicional. O fato de os insumos não terem acompanhado o apetite das indústrias é um importante sinal de que uma velha barreira ao crescimento sustentado do passado está sendo, enfim, superada.
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