O Departamento de Trabalho dos EUA divulgou dados em relação a inflação nesta quinta-feira. A divulgação adicionou mais pressão sobre a atual política monetária extremamente expansionista do FED (Federal Reserve – Banco Central norte-americano).
Gatilhos da inflação dos EUA
A mudanção de estratégia do FED no médio prazo possui um gatilho principal: a inflação nos EUA. Antes de mais nada, O indicador voltou a subir em ritmo acelerado. Até mesmo surpreendeu as expectativas do mercado (que já estava mais pessimista com o cenário inflacionário, relativamente divergente da avaliação do FED).
O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) dos Estados Unidos registrou alta de 0,60% no mês de maio. O valor veio acima das expectativas de alta de 0,40%. Na base anual, o IPC de maio saltou 5%. Apesar da base fraca, influenciada pelo período de quarentena que impactou o mês de maio de 2020, ainda é considerado um salto expressivo.
Inflação: os impactos na economia e nos seus investimentos
Núcleo do IPC
Já o núcleo do IPC, índice preferido do FED para tomada de decisão de política monetária, por omitir os preços de alimentos e energia, o aumento foi de 0,70% em maio, comparado ao mês anterior. Contudo, o aumento ficou em 3,80% na base anual.
A reabertura da economia norte-americana explica o aumento acelerado da inflação. Por conta disso, o FED continua insistindo que as pressão são temporárias e que irão diminuir nos próximos trimestres. Ao passo que a economia alcance o status de normalidade.
Projeções do FED para a Inflação nos EUA
A última projeção do FED para a inflação em 2022 estava ancorada no centro da meta a ser perseguida de 2% ao ano. Entretanto, a aceleração mais forte do que o esperado nestes últimos meses pode criar pressão adicional para os salários e preços. Tal movimento dificulta a erradicação no período pós-reabertura da economia.
Além disso, a pesquisa revelou que o aumento de preços segue de forma generalizada. Criando-se o risco de se retroalimentar. Sendo assim, foi detectado aceleração de preços de móveis, roupas, passagens aéreas, artigos recreativos, seguros, álcool e até mesmo de carros e caminhões usados (que por sinal dispararam 7,3%, atingindo nível recorde).
Redução na compra de ativos
Com o fim da rodada de indicadores, os debates tendem a se intensificar no mercado. Existe a dúvida sobre quando o FED iniciará a fase de redução do volume de compras de ativos.
O medo de uma comunicação inesperada, como ocorreu no Taper Tantrum de Ben Bernanke em 2013, parece estar menor. Este temos existe porque o próprio mercado e alguns membros da autoridade monetária já começaram a mencionar sobre o momento em que se iniciará a redução dos 120 bilhões em volume de compras de ativos utilizados atualmente.
Por outro lado, ainda existem pontas soltas de surpresas que poderiam levar a um aumento de tensão nos mercados. O timing esperado atualmente para redução das compras mensais gira em torno do final deste ano ou início do próximo. Já o timing para elevação da FFR (Federal Funds Rate – taxa básica de juros dos Estados Unidos) gira em torno de 2023.
Sendo assim, a tendência é de não aumentar a volatilidade no mercado. Entretanto, podemos ter a comunicação no curto prazo sinalizando movimento de normalização das condições monetárias. Caso aconteça, a volatilidade aparecerá em função da necessidade/pressa de ajustes nos portfólios antes do previsto.