Este é um resumo do Cenário do Mercado de Capitais no momento, com números dos EUA, Coronavírus, fluxo estrangeiro no Brasil, Selic e mais!
1 – Ciclo da SELIC desde impeachment até agora
Depois de 34 anos juros altos Brasil (em disparidade com economias desenvolvidas) Brasil vai se adequando a realidade de liquidez, baixa inflação e novo patamar de taxas de juros mundial.

2 – Impactos do novo corte da Selic

Aumento da migração para Renda Variável: hoje, o estoque de todos os títulos de renda fixa no Brasil é de quase R$7 trilhões, incluindo quase R$900 bilhões investidos na poupança. Todos de curto prazo renderão perto de zero ou negativos quando comparados a inflação.
Só em 2020, os investidores individuais já aumentaram suas compras em ações em R$34 bilhões, e já são mais de 2,4 milhões de investidores na Bolsa brasileira, crescimento de 42% em relação à 2019.
3 – Impactos do novo corte da Selic
Continuidade na alta da taxa de câmbio, com ênfase para o dólar, pelos motivos que informamos por aqui desde o início do ano, sendo os principais:
– Diferencial de taxas de juros (carry) entre USA e Brasil afastando capital estrangeiro especulativo nos juros;
– Alta demanda internacional por dólar durante período de incerteza econômica global.

4 – Oportunidades em Renda Fixa de Longo Prazo -> Juros Futuros
– Temos opções em renda fixa, garantidas pelo FGC, que estão pagando IPCA+8.5% ou 12% ao ano (equivalente a 412% do CDI atual) dependendo do prazo do investimento, quanto mais longo, maior rentabilidade.

Diferente da renda fixa tradicional de curto prazo, onde as rentabilidades ficarão negativas em relação à inflação, esse momento atípico abre boas oportunidades nos juros de longo prazo, estamos identificando um prêmio (potencial de alta rentabilidade futura na curva de juros).
Dado o cenário de aversão a risco recente e crise política, a curva de juros futuros subiu fortemente. Isso significa que houve um aumento no custo do dinheiro no longo prazo em contrapartida com o curto prazo.
Uma vez que os juros futuros em 2025 já se encontram acima de 7% ao ano, para as empresas que tomam dívida a prazos longos, o custo da dívida já retornou para um patamar próximo ou superior a 10%.
5 – COVID19

Brasil segue a trajetória de crescimento no número de casos, mesmo com pouquíssimos testes. Hoje Brasil é o país com maior velocidade no crescimento de casos no mundo, em volume total de novos casos está apenas dos USA e Russia.

Diferente da Europa e USA, Brasil ainda não chegou ao pico de óbitos e segue acentuando a curva, liderando a velocidade de crescimento de novas mortes no Mundo. Existe um número grande de óbitos que não foram testados (segundo registro cartorial) ou ainda estão aguardando resultado de testes.
6 – Quando você deve sair de casa?
Essa pergunta foi realizada em ampla pesquisa nos EUA e os resultados foram os seguintes:
– Mais de 50% da população se sente confortável em sair de casa para trabalhar ou ir a um restaurante dentro dos próximos 2 meses;
– 58% devem mandar seus filhos pra escola gradativamente a partir de 3 meses;
– 78% se sente confortável em viajar ainda em 2020, maioria após 3 meses;
– Eventos e Cinemas são os mais postergados, 55% diz que deve frequentar grandes eventos apenas em 2021;

7 – Mercado de Capitais nos EUA
O FED (Banco central dos USA) poderia comprar ações e se involver mais no mercado de capitais?
Em 2018, o volume de recompra de ações no início de maio já marcava US$ 350bi e fechou o ano em quase US$ 1tri.
2020, até o momento, acumula apenas US$ 132bi, bem abaixo da média dos últimos 3 anos, esse fato poderia aumentar ainda mais a velocidade de recuperação nos mercados norte americanos, algo que já acontece em grande escala nas bolsas do Japão.

Ps.: Vale lembrar, na crise de 2008 o Governo dos Estados Unidos comprou ações de diversas empresas, chegando a ser controladores de algumas como a GM (maior montadora do mundo) para socorrer as companhias geradoras de emprego e tecnologia. Depois de alguns anos o Governo vendeu novamente as ações no mercado obtendo grande lucro das operações.
8 – Commodities X Ibovespa X Ibovespa Dolarizado
Em 2016 o Índice de Commodities da Dow Jones esteve negociando a pares (em log %) com a bolsa brasileira em dólares, aquele momento se mostrou um bom momento de compra. Os investidores estrangeiros fizeram grandes aportes na bolsa brasileira, guiando 3 anos de alta em nossa bolsa. Nesse momento estamos na mesma relação em dólar, porém, com a bolsa mais valorizada em reais, devido a queda da SELIC e consequente crescimento dos investidores PFs e aumento do % dos Fundos em renda variável.

9 – Cortes de Taxas de Juros no Mundo
O movimento de corte nas taxas de juros não está sendo isoladamente realizado no Brasil, pelo contrário, estamos nos adequando a uma realidade dos mercados internacionais. O excesso de liquidez mundial, o baixo crescimento das economias e baixa inflação ao redor do mundo, pressionam os Bancos Centrais a estimularem a economia por meio da expansão da política monetária: Com os Bancos Centrais comprando títulos privados e diminuindo as taxas de juros (em alguns casos comprando inclusive ações e participando mais do mercado de capitais).

10 – Saldo do Investidor Estrangeiro em Bolsa Brasileira

Depois do recorde de saída de capital estrangeiro que tivemos na bolsa brasileira nos meses de janeiro, fevereiro e março, temos um cenário um pouco diferente nos últimos 40 dias.
Abril foi um mês de saída de fluxo estrangeiro abaixo da media mensal do ano passado (ano em que a bolsa subiu 36%) e bem diferente dos meses precedentes.

A princípio Maio caminha na linha de Abril, e abaixo da velocidade de saída dos meses inicias de 2020.

No ano de 2020 acumulado o Saldo Estrangeiro acumula a maior retirada da história em nosso Mercado, tanto pelo carry nos bonds como em Bolsa de Valores.
Chama atenção a diferença entre 2008, maior crise financeira do capitalismo moderno mundial, e agora. O saldo negativo atual está 700% maior, para os mais otimistas, mais um indicativo de que os preços de nossos ativos estão negociando, em media, abaixo do valor justo.