O Comitê de Política Monetária (Copom) é um órgão constituído no âmbito do Banco Central do Brasil (BACEN) desde 1996 com os principais objetivos de estabelecer as diretrizes da política monetária nacional e de definir a taxa básica de juros. Ele é composto por oito membros da diretoria colegiada do BACEN, com direito a voto, sendo presidido pelo presidente do Banco Central, que possui o voto de qualidade.
A reunião do Copom
A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a meta para a taxa Selic (taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia) e vigora durante todo período entre as reuniões. As reuniões ordinárias ocorrem 8 vezes ao ano, geralmente a cada 45 dias e duram dois dias.
No primeiro dia são feitas apresentações sobre a conjuntura econômica atual e no segundo dia, considerando as principais variáveis macroeconômicas é tomada a decisão entre aumentar, reduzir ou manter em pontos percentuais a taxa Selic em vigor.
Na última quarta-feira (9) o COPOM em sua 235* reunião decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em sua mínima histórica de 2% aa.
O posicionamento do Copom
O Copom, além de sua ata, utiliza em sua comunicação com o mercado o “forward guidance” que nada mais é que uma “orientação futura” dada por uma autoridade monetária. Essa orientação nas últimas reuniões, sinalizava que não havia motivo em suas planilhas para que ela se alterasse e que então, a taxa de juros ficaria em 2% aa por um bom tempo. Porém ontem (9), apesar de ter mantido essa orientação, surpreendeu avisando que não garante que o “forward guidance” irá se manter igual nas próximas decisões.
Isso demonstra que, caso as expectativas de inflação continuem subindo, o Copom iniciará uma subida de juros já no primeiro semestre de 2021.
A ideia de ter juros reais baixos é de estimular o consumo através de empréstimos e financiamentos mais baratos. Ao passo que aumentar os juros, tende a forçar o efeito contrário. Seria simples se não tivéssemos também um efeito negativo da taxa de juros baixa: o aumento da inflação.
Inflação
As expectativas de inflação para 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,2%, 3,3% e 3,5%, respectivamente. E no cenário básico, com trajetória de juros também extraída da pesquisa Focus, com o câmbio partindo de R$5,25/US$* pressupõe que os juros encerram 2020 em 2,00% a.a. e se eleva até 3,00% a.a. em 2021 e 4,50% a.a. em 2022.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é o índice oficial de inflação do país e fechou os últimos 12 meses em 4,31% impulsionado principalmente pela alta de alimentos, ultrapassando o centro da meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), o que não ocorria desde fevereiro desse ano (2020). Ao manter a taxa de juros, o comitê esclareceu que, apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o diagnóstico ainda é de que os choques atuais são temporários, porém, segue monitorando a sua evolução com atenção.
Impacto nos investimentos
Nos investimentos a taxa Selic influencia a rentabilidade de diversos ativos, diretamente ou indiretamente. Quando a taxa de juros sobe, os títulos do tesouro aumentam os juros pago e com isso, outros investimentos em renda fixa aumentam também seu rendimento para atrair investidores. Já quando ela cai, os outros investimentos tendem a segui-la também.
A Selic também influencia o CDI (Certificado de depósitos interbancários), que é calculado com base nos juros praticados. Por isso, a taxa Selic e o CDI são próximos. O CDI é utilizado na taxa de rentabilidade de investimentos da renda fixa como:
*LCI – letras de crédito imobiliário
*LCA – letras de crédito do agronegócio
*LC – letras de câmbio
*CDB – Certificado de depósito bancário
*CRI – Certificado de Recebíveis Imobiliários
*CRA – Certificado de Recebíveis do Agronegócio
* Debêntures
Como lucrar com juros baixos?
Com a taxa de juros baixa, para lucrar acima da taxa Selic é optar por investimentos que paguem mais de 100% do CDI . Outro efeito é que as ações e os outros ativos reais como imóveis e mesmo o ouro, mantenham fôlego, dadas as poucas opções melhores na renda fixa.
Já na bolsa de valores, os juros baixo representam ótimas oportunidades de investimentos na renda variável, melhorando suas chances de ganho, porém a bolsa não se beneficia muito de possíveis altas da Selic. No entanto, é fundamental analisar se os riscos oferecidos estão de acordo com o seu perfil de investidor.
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