E se existisse a possibilidade do investidor se proteger das oscilações de preços que ocorrem no mercado financeiro? Derivativos são instrumentos que possibilitam essa proteção sempre tendo como base um ativo financeiro.
O principal objetivo dos derivativos é minimizar os riscos causados pelas oscilações de preço dos ativos. Vamos entender?
Como operar com derivativos
Para fazer uma operação com derivativos é essencial que exista um ativo de referência pois o preço desta operação depende do preço do ativo objeto, tais como: taxa de juros, moedas, ações, índices e commodities. Os contratos derivativos podem ter como referência um ou mais ativos subjacentes e têm valor inicial muito baixo comparado ao valor do ativo principal.
Um exemplo para ilustrar a lógica de um contrato de derivativo é a comparação com um contrato de seguro de automóveis.
Digamos que ao comprar um carro você sente a necessidade de contratar um seguro para se proteger de possíveis sinistros com esse veículo. Sendo assim, você paga um prêmio para uma seguradora com o intuito de se proteger (no mercado financeiro chamamos essa proteção de hedge) e a seguradora assume o risco de sinistro com o intuito de lucrar com o valor pago pelo contrato de seguro.
No mercado financeiro é possível que um participante opte por um dos contratos de derivativos disponíveis para se proteger de oscilações indesejáveis nos preços do ativo de referência (praticando hedge) enquanto o outro participante assume o risco da oscilação desse mesmo ativo (praticando especulação). Os participantes de um contrato de derivativos serão sempre dois: em uma ponta quem busca a proteção (hedge) e na outra ponta quem está assumindo o risco (especulação).
As quatro modalidades disponíveis no mercado financeiro de derivativos são: Swap; Opções; Futuro e Termo.
Swaps
Representa um acordo entre duas partes podendo ser duas empresas, dois investidores, uma empresa e um investidor, entre outras possibilidades, para que troquem entre si fluxos de caixa baseados em um valor de referência, onde as partes trocam pagamentos em datas futuras.
Na operação de swap as partes negociam apenas a rentabilidade (variação) das mercadorias ou ativos financeiros e por isso, não há troca do valor principal, mas sim da variação de cada indexador. Dessa forma os participantes negociam as rentabilidades de dois ativos ou mercadorias diferentes como uma “troca de riscos”.
Para entender a dinâmica imagine um swap de Ibovespa contra um swap de ouro. Neste caso a primeira parte participante do contrato paga a variação do ouro para a outra e recebe em troca a variação do Ibovespa. O oposto ocorre com a segunda parte que paga a variação do Ibovespa e recebe a variação do ouro. Se no caso deste exemplo a valorização do ouro for menor que a do Ibovespa quem receberá a diferença será a segunda parte compradora do Ibovespa (vendedora do ouro). Os swaps são normalmente negociados no mercado de balcão por não serem padronizados e são carregados até o seu vencimento.
Opções
As opções são um tipo de derivativo que dá o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender um ativo em uma determinada data a um determinado preço. As opções são opções de derivativos mais padronizadas e por esse motivo são negociadas em bolsas. As características que devem ser especificadas em cada opção são: tipo de direito, ativo objeto, vencimento e exercício.
Os tipos de direitos são dois: o de compra (chamado de call) que dá o direito, mas não a obrigação de comprar um ativo para quem compra a call e o de venda (chamado de put) que dá o direito, mas não a obrigação, de vender um ativo para quem compra a put.
Os ativos objeto das opções são tipicamente os instrumentos financeiros como ações, moedas, índices e futuros.
Existem dois tipos de vencimento no mercado brasileiro: tipo europeu e tipo americano. As opções do tipo europeu só podem ser exercidas no dia do seu vencimento e as opções do tipo americano podem ser exercidas até o dia do seu vencimento caso seja interessante para o investidor.
As opções possuem um preço de exercício predeterminado. As condições dos exercícios são determinadas pela bolsa como horários e forma de liquidação de pagamento.
Existem inúmeras oportunidades no mercado de opções, seja para controlar riscos ou ainda operar alavancado e podendo o investidor escolher a tendência de alta ou de baixa permitindo a diversificação de estratégias.
Futuro:
O contrato futuro é um contrato de compra e venda padronizado, notadamente no que se refere as características do produto negociado, conforme regulamentação da bolsa. Este contrato é pré-acordado com uma data de liquidação futura. Todos os contratos desta modalidade negociados na bolsa precisam seguir um determinado padrão para que os investidores tenham certeza de que estão negociando exatamente a mesma coisa e nas mesmas condições.
É esse nível de padronização que possibilita que contratos futuros como por exemplo de soja, boi gordo, ouro, moeda ou qualquer outra mercadoria permitida sejam negociados no pregão. Se fosse diferente as cotações seriam todas diferentes entre si e inviabilizariam as operações.
Os contratos futuros podem ser usados para reduzir os impactos da volatilidade de mercado do seu ativo subjacente. Isso porque é fixado um preço para que a liquidação futura não leve em consideração o preço que o ativo estará efetivamente custando no mercado à vista. No mercado futuro o investidor negocia um ativo hoje com vencimento (pagamento) no futuro.
Todos os dias o valor é ajustado no contrato futuro.
Na prática este ajuste ocorre da seguinte forma: os valores das diferenças que forem encontradas entre o preço acertado no contrato futuro e o preço do ativo no mercado à vista serão creditados (se houver ganho) ou debitados (se houver perda) diretamente na conta do investidor.
Este tipo de contrato pode ser utilizado para hedge, especulação ou arbitração. A finalidade pode depender do seu perfil de investidor que deve ser analisado na hora de definir uma estratégia de qualquer investimento.
Termo
Um contrato a termo ou simplesmente termo é um compromisso entre duas partes para comprar ou vender um ativo em uma data no futuro a um preço acordado hoje. Esse tipo de derivativo é negociado normalmente no mercado de balcão organizado, mas pode ser padronizado e negociado na bolsa de valores, e em geral, envolve transferência do ativo-objeto na negociação. Neste tipo de contrato as partes ficam vinculadas uma à outra até a liquidação, que apenas pode ser antecipada se houver mútuo acordo das partes e diferentemente do contrato futuro, não possuí ajustes diários.
Uma das principais vantagens que este tipo de operação oferece ao investidor está relacionada à possibilidade de investir sem desembolsar todo o recurso de imediato. Assim, por exemplo, determina-se que hoje serão compradas X ações e que o pagamento se dará em uma data futura. Como o pagamento não será à vista, o vendedor cobrará uma taxa de juros sobre a negociação no futuro e essa taxa de juros, assim como o prazo, é negociada entre as partes e pode variar entre 16 e 999 dias.
Agora que você conhece um pouco mais sobre derivativos já sabe que existem opções de infinitas estratégias e a possibilidade de proteção contra a volatilidade do mercado financeiro.