Alberto Fernández, candidato peronista de centro-esquerda, venceu as eleições presidenciais na Argentina em primeiro turno neste último domingo. Assim, colocou oficialmente um fim à fatídica agenda neoliberal de Mauricio Macri.
Fernández venceu as eleições sem apresentar um plano de governo claro para recuperação econômica (que está em frangalhos) e ainda conta com uma vice-presidente chamada Cristina Kirchner, pavor de vários argentinos. O kirchnerismo foi tão negativo para economia do país, que até mesmo Fernández chegou a renunciar em 2008 ao cargo de chefe de gabinete, justamente por desentendimentos macroeconômicos com a então presidente Cristina Kirchner.
Os argentinos não somente deixaram de lado o histórico político negativo de Cristina Kirchner e os desentendimentos do passado com Fernández, como também toleraram eleger uma vice-presidente com nada mais nada menos que 13 casos de corrupção na Justiça.
Argentina de Macri
Tal façanha só foi possível ser concretizada em função de um desastre econômico de proporções gigantescas. Mauricio Macri bem que tentou iniciar seu governo com uma agenda liberal, mas sentiu muita pressão do Congresso para avançar com suas reformas estruturais. No meio do seu mandato, jogou a toalha para o liberalismo, voltando a praticar políticas intervencionistas que lembram o velho kirchnerismo.
A guinada direita-esquerda de Macri bagunçou ainda mais uma economia já desarrumada, espantou os poucos investidores estrangeiros e forçou as empresas locais operar em modo de segurança. O aumento da incerteza, somada à vulnerabilidade da moeda, juntamente com o péssimo ambiente de negócios, provocou o estouro de outra bomba inflacionária que o BCRA (Banco Central da República da Argentina) ainda não conseguiu controlar.
Com uma dívida pública de quase 90% do PIB (destaque para o peso relevante em moeda estrangeira, com uma parte já em default), inflação de mais de 50%, longo período de recessão econômica, desemprego de mais de 10% e taxa de juros de quase 70%, a Argentina virou uma fábrica de pobreza. Várias famílias desceram de patamar social. Atualmente, um terço da população do país vive abaixo da linha da pobreza.
Esse é o desfecho do governo Macri. Além de não melhorar, a situação, que já era grave desde o Kirchnerismo, piorou ainda mais. Os argentinos ainda não sabem dizer quando alcançarão o fundo do poço. Realmente parecia impossível projetar uma reeleição de um governo que proporcionou tamanho desastre econômico e social.
O que esperar dos peronistas?
A vitória da incógnita Alberto Fernández, com agenda econômica ainda desconhecida, é um desejo desesperado da população por mudança. A gravidade é tão alta que os argentinos preferem dar um tiro no escuro, na esperança de que algo novo seja implementado, para ao menos tentarem sair do sofrimento.
Aqueles que não caíram abaixo da linha da pobreza, temem pelo futuro próximo, e com razão. Não significa que as políticas de esquerda voltarão a predominar na Argentina pelo simples fato de os peronistas conseguirem retornar à Casa Rosada capturando o desejo de mudança da população.
Congresso argentino
Os argentinos também elegeram 130 deputados e 24 senadores neste último domingo. A coalizão de Alberto Fernández ficou com 64 cadeiras da Câmara, enquanto a de Macri conseguiu levar 56 assentos. No Senado, a coalizão de Fernández conquistou 13 assentos, contra 8 de Macri.
Fernández não conseguiu ampla maioria no Congresso, o que mantém a Argentina num impasse entre direita e esquerda. Caso não consiga convencer a coalizão de Macri a se locomover para centro-esquerda e apoiar sua agenda de governo no Congresso, Fernández poderá ser mais um governo decepcionante para a tão sofrida Argentina.
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