Analistas e economistas do mundo inteiro estão boquiabertos com o resultado fenomenal deste primeiro trimestre de 2019 da economia norte-americana. O PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos cresceu num ritmo muito acima do esperado, alcançando impressionantes 3,2% nos três primeiros meses deste ano, ante um crescimento já considerado robusto de 2,2% registrado no quarto trimestre de 2018.
Os dados divulgados nesta manhã pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos passaram muito longe da mediana das expectativas de economistas e analistas, desde os independentes até aos mais consagrados nas grandes casas de investimentos. As projeções apontavam para um crescimento de 2% no primeiro trimestre de 2019, ainda assim em tom otimista.
O temor de desaceleração, e até mesmo recessão, na economia norte-americana ganhou força no ano passado, com várias análises explicando que (i) o longo período de crescimento ininterrupto poderia chegar ao fim, simplesmente por ser uma condição atípica; (ii) agravamento das disputas comerciais, em função da política externa agressiva de Donald Trump, afetaria negativamente o ritmo de crescimento; (iii) esgotamento do poder de impulso econômico proporcionado pelo pacote de reforma tributária aprovado pelo Congresso em 2017, proporcionando forte alívio de impostos, principalmente às empresas; (iv) achatamento na curva de juros futuros, com o rendimento do título do Tesouro norte-americano de 2 anos ameaçando superar o rendimento do título do Tesouro norte-americano de 10 anos.
Um dos pontos mais curiosos é que o próprio FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos) muito possivelmente temia uma desaceleração da economia já neste primeiro trimestre de 2019, não por acaso houve forte reversão na estratégia de política monetária, interrompendo o ciclo de aperto monetário em 2018, ao mesmo tempo em que anunciou precocemente o fim do programa de desalavancagem do balanço em 2019 (que poderá estacionar ao redor de 3,5 trilhões de dólares, muito acima do balanço estável de cerca de 900 milhões de dólares trabalhados até a crise do subprime, em 2008), passando a adotar um viés bem mais dovish também em sua comunicação com o mercado.
Ano passado, a regional do FED de Atlanta, por exemplo, projetava crescimento de apenas 0,5% neste primeiro trimestre de 2019. O temor de desaceleração do crescimento era generalizado em 2018, pois os fatores destacados no terceiro parágrafo deste texto deixavam os modelos econômicos mais pessimistas.
O flattening nas treasuries é considerado um sinal muito forte de recessão à vista. Entretanto, embora o achatamento tenha ocorrido nas taxas de juros futuros, reduzindo significativamente o spread, o rendimento da Treasury de 2 anos não chegou a superar o rendimento da Treasury de 10 anos, o que poderia caracterizar um flattening clássico (taxa do título de 2 anos em rali de alta, superando a taxa do título de 10 anos).
Como há muitos anos não se observava achatamento nas curvas de juros futuros norte-americanas, é possível que a falta de experiência com um cenário pouco habitual durante toda esta década tenha provocado um movimento de antecipação ao flattening, apostando que a inversão entre as taxas seria inevitável, acionando, consequentemente, alarmes de risco de recessão.
O resultado do PIB muito acima do esperado mostra que as variáveis de potencial de impacto negativo na economia foram antecipadas ou superestimadas. Os números divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos revelam exatamente o oposto e devem eliminar, ao menos por enquanto, esses velhos temores do mercado.
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