A triste realidade brasileira tomou conta do mercado financeiro nesta última quinta-feira. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) fechou os dados de mais um ano decepcionante para a nossa história. O PIB de 2018 ficou mais uma vez abaixo da média global, abaixo da média de países emergentes, abaixo da expectativa do mercado, abaixo do potencial e abaixo de qualquer outra coisa.
Conforme mencionado pelo instituto de pesquisa, a economia brasileira cresceu apenas 1,1% em 2018. O resultado foi uma mera repetição do pibinho de 2017, que também fechou em vergonhosos 1,1%. Os dados revelam que mesmo após enfrentar um forte período recessivo (contração de 3,3% em 2016 e 3,5% em 2015), a economia não encontrou força de tração para uma retomada digna.
Estamos ainda muito distantes do pico de crescimento registrado no passado longínquo, o que definitivamente não é um bom sinal. A ausência de uma reação mais forte no PIB começa preocupar economistas e analistas. A desculpa (esfarrapada) para o desempenho ruim de 2017 ficou por conta da taxa Selic considerada muito elevada. Desta vez, vamos precisar arrumar outra desculpa (mais esfarrapada ainda) para “esclarecer” o que deu errado.
Após a chuva de cortes na taxa básica de juros pelo Banco Central (caindo de 13% no início de 2017 para 6,75% no início de 2018, interrompendo ciclo de queda aos 6,5% em março do ano passado), a economia sequer esboçou reação para algum lado. 2018 fechou atolado no pibinho de 1,1%, muito abaixo da expectativa de 3% de crescimento que circulava no mercado cerca de 12 meses atrás.
Algo continua muito errado. Entra e sai governo, troca esquerda por direita, heterodoxia por ortodoxia, inflação alta por inflação baixa, Selic alta por Selic baixa e nada muda. Quer mais? A justiça prende um corrupto temido pelo mercado e o povo elege um anti-corrupto louvado pelo mercado. Derrubamos vários entraves do passado, mas tudo continua igual.
No quarto trimestre de 2018, com um novo governo eleito e nova equipe econômica fazendo barulho no mercado, a economia cresceu apenas 0,1%, praticamente estagnada. Na janela móvel trimestral da taxa de desemprego encerrada em janeiro/2019, o índice subiu de 11,6% para 12%.
Esses números dolorosos revelam que não existe salvador da pátria. Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e Sérgio Moro são apenas três mosqueteiros com uma difícil missão a ser cumprida dentro do Congresso. Quem comprou um sucesso imediato, por enquanto, foi apenas o Sr. Mercado ao provocar valorização significativa nos ativos financeiros locais desde a vitória de Bolsonaro.
Os agentes, por outro lado, não parecem estar com a mesma convicção do Sr. Mercado. Por conta disso a economia segue rodando em ritmo de pibinho. Os empresários/investidores não demonstram apetite para tirar dinheiro do bolso e apostar (na economia real) para se beneficiar de um cenário positivo, tanto é que a FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) segue na lona, aos 15,8%. Querem, antes, observar aprovação da reforma da previdência no Congresso.
Infelizmente a reforma da previdência é encarada como uma espécie de tudo ou nada para o futuro do Brasil. Esse pensamento foi construído pela mídia ao longo dos últimos anos e será difícil convencer a opinião pública mudar de ideia. O Brasil não está fadado ao fracasso se não fizer a reforma da previdência. Estará fadado ao fracasso se não fizer um ajuste fiscal.
Se não for possível realizar reforma da previdência, paciência. O ajuste fiscal terá de acontecer em outra frente do Orçamento. Há muita gordura para ser queimada num dos países de maior ineficiência orçamentária do mundo. É verdade que a previdência é um sério problema no Brasil, mas também no mundo inteiro. Nem por isso os outros países estão parando de crescer.
Pouco se comenta sobre as outras opções de ajustes que poderiam ser realizados aumentando a eficiência do gasto público brasileiro. Uma baita faxina fiscal seria feita pelo “simples” corte de centenas de bilhões de reais destinados a manter regalias/benefícios a determinadas empresas/setores. Gastos, por sinal, apontados por estudo do Banco Mundial, como altamente ineficientes.
Obviamente parece existir razão pela qual a reforma da previdência é analisada como uma espécie de tudo ou nada. Em função da elevada carga tributária, em caso de não aprovação da reforma da previdência, cortes severos terão de ocorrer no Orçamento. Doa a quem doer.
É bem possível que a dor será maior para determinados grupos. Como a infra-estrutura e serviços públicos estão aos frangalhos, a conta do ajuste fiscal pode acabar sobrando justamente para certos agentes. Aqueles benefícios e regalias concedidos a várias empresas e setores possivelmente serão devorados (cortados) com fúria pela pressão da população. Isso ainda não aconteceu, talvez, por a televisão ainda ser uma boa ferramenta para manter a distração. Enquanto não resolvermos esse impasse (aprova/não aprova reforma da previdência ou corta gastos de quem), pibinhos continuarão fazendo parte de nossa história.
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