Enquanto se discute exageradamente na imprensa brasileira os mínimos detalhes da difícil, e nem um pouco surpreendente, tramitação da reforma da previdência na Câmara, o mercado de capitais renova forças e avança guiado por um ambiente bem diferente dos noticiários pesados.
O fortalecimento da região de suporte no Ibovespa nestas últimas semanas não ocorreu por acaso. A força compradora voltou a ser dominante na praça brasileira seguindo o ritmo observado nas demais praças financeiras mundiais.
A força bullish no mercado global segue aumentando gradativamente desde a primeira sinalização de mudança na estratégia de política monetária do FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos), ainda no final de dezembro de 2018. Outros importantes banqueiros centrais mundiais, como o Banco do Povo (China) e BCE (Banco Central Europeu) passaram a adotar estratégias e tons de comunicação com o mercado menos hawkish e mais dovish, seguindo o mesmo viés do FED.
A conseqüência das estratégias dos principais banqueiros centrais mundiais está visível no deslocamento de preço em vários ativos de risco espalhados pelo mundo afora. Uma recuperação praticamente em forma de “V” nas bolsas que sofreram quedas significativas no fim de 2018 e manutenção de preços próximo de máximas históricas e/ou acima de suportes relevantes de curto prazo, das praças que sofreram pequenas correções, como a brasileira.
Além do impulso dos banqueiros centrais, alguns cases contam com um elemento extra positivo da temporada de balanços. Nos Estados Unidos, os balanços corporativos estão saindo seguidamente melhores que o esperado pelos analistas, fato que contribui para amenizar preocupações sobre uma desaceleração econômica.
Os números melhores/acima das expectativas estão surgindo desde as voláteis FAANGs (Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google) e outras techs relevantes, como Twitter e Microsoft, até empresas mais tradicionais, como Coca-Cola, Lockheed Martin e P&G (Procter & Gamble).
A onda positiva de resultados provocou até mesmo uma virada de mão de um dos estrategistas mais respeitados de Wall Street: Michael Wilson, do banco Morgan Stanley. Até pouco tempo atrás, Wilson ainda apostava num mercado de baixa, justamente por esperar uma onda de decepções com os resultados corporativos.
Em entrevista concedida nesta última terça-feira à CNBC, o estrategista do Morgan Stanley se mostrou bullish, agora apostando que o S&P500 vá alcançar o patamar psicológico dos 3.000 pontos. Atualmente, o principal índice do mercado acionário norte-americano oscila ao redor dos 2.940 pontos, topo histórico registrado em outubro de 2018.
A antiga e temida cruz da morte (corte de cima para baixo da média móvel simples de 50 períodos diária sobre a média móvel simples de 200 períodos diária) foi um falso sinal bearish do mercado, hoje substituída pela cruz de ouro (corte de baixo para cima da média móvel simples de 50 períodos diária sobre a média móvel simples de 200 períodos diária).
Uma sinalização de que Wilson pode estar certo desta vez foi emitida pelo movimento técnico relevante ocorrido no Nasdaq nesta semana. O índice, que conta com peso relevante das techs mais famosas do mundo, atropelou a máxima histórica atingida em setembro/2018 e trabalha registrando novas pontuações recordes, consequentemente sem resistências conhecidas pela frente.
Caso o S&P500 busque os 3.000 pontos, a euforia de Wall Street poderá continuar contaminando as demais praças financeiras mundiais, como tem ocorrido desde o início desse ano. No Brasil também existe um patamar psicológico forte no alvo do mercado: a marca dos 100.000 pontos no Ibovespa. É importante acompanhar os acontecimentos domésticos, mas ao mesmo tempo não deixar de observar o fluxo global, que não raro se mostra como fator determinante para os deslocamentos nos preços dos ativos.
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