O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou nesta terça-feira que o desemprego voltou a aumentar no primeiro trimestre deste ano, atingindo níveis alcançados em maio do ano passado, momento em que o país passava por intensa pressão e indefinição política.
A taxa de desemprego subiu para 12,7%, registrando a terceira alta consecutiva, razoavelmente superior ao nível já considerado crítico de 11,6% registrado no quarto trimestre do ano passado.
Esperava-se que excluída a variável de indefinição de viés político, com um ambiente não tão pesado quanto o do ano passado, poderia haver melhora marginal em vários indicadores econômicos relevantes, entre eles PIB (Produto Interno Bruto) e taxa de desemprego.
Entretanto, o país ainda emite sinais da mesma paralisia macroeconômica observada no passado. Investidores e empresários continuam trabalhando em modo defensivo, aguardando sinalização de melhora para desengavetar projetos de expansão e/ou novos negócios. Não por acaso, o PIB continua ridiculamente baixo, enquanto o desemprego permanece extremamente elevado.
O excesso de cobertura sobre a tramitação da reforma da previdência transmite a falsa imagem de que sua aprovação (ou não) definirá, exclusivamente, o rumo do país para os próximos anos, talvez décadas. Como se a reforma fosse o nosso tudo ou nada. Apesar de sua grande importância para o futuro das contas públicas, a reforma da previdência é um processo lento e extremamente desgastante para acompanhamento da classe empresarial. Também não é nossa única forma de alcançar o superávit primário.
Aguardar a tramitação da reforma no Congresso pode consumir tempo demais para um país que ainda luta para se recuperar do forte período recessivo do passado. Enquanto a tramitação corre no Congresso, o governo deveria discutir e implementar outras formas de realizar ajuste fiscal de curto prazo, além de impulsionar a economia, principalmente para conseguir quebrar o ciclo vicioso econômico negativo predominante nos últimos anos.
A sensação é que após uma aventura nas trilhas lamacentas e traiçoeiras da selva heterodoxa, o motor do nosso jipe não aguentou e explodiu. Sobrevivemos ao acidente, mas o resgate ainda não conseguiu colocar a economia numa estrada mais segura, pavimentada e bem sinalizada. Ainda estamos traumatizados com o fracasso aventureiro do passado. É natural que investidores e empresários busquem cautela. O baque tem que ser superado, mas o governo precisa fazer sua parte, abrindo várias frentes de ataque em tudo aquilo que estiver relacionado à melhora no ambiente de negócios.
Os dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira revelam uma necessidade de ação rápida. A taxa de subutilização da força de trabalho bateu recorde, chegando a incríveis 25%. A subutilização é conhecida como mão de obra desperdiçada, pois é formada pelos trabalhadores desempregados, trabalhadores subocupados (que estão empregados, mas que gostariam e/ou poderiam trabalhar mais) e trabalhadores potenciais (aqueles que não buscam emprego, mas que estão disponíveis para trabalhar).
São cerca de 28,3 milhões de brasileiros que não trabalham ou trabalham menos do que gostariam. É o maior amontoado de desperdício de mão de obra desde o início da série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), iniciada em 2012.
Na comparação com o quarto trimestre de 2018, a taxa de subutilização subiu 5,6%, o equivalente a 1,5 milhão de pessoas. No primeiro trimestre de 2014, a subutilização era de 15,5%. O crescimento acelerado deste indicador também puxou o número de pessoas em desalento, ou seja, aqueles indivíduos impossibilitados de procurar emprego ou que simplesmente não acreditam mais que encontrarão vagas disponíveis.
Além do gosto amargo para a economia, o número também representa ameaça para as eleições de 2020. Sem muita clareza sobre a possibilidade de conquistar os votos necessários para aprovar a reforma da previdência, além da tramitação em velocidade de tartaruga no Congresso, o governo precisa colocar em prática planos alternativos para melhorar a situação macroeconômica.
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