Os participantes de mercado que se desapontaram com o comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária do FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos) podem conter as lágrimas.
A decisão da autoridade monetária norte-americana de não sinalizar possível corte na FFR (Federal Funds Rate – taxa básica de juros) gerou muita polêmica no mercado global, já que a pressão para afrouxamento monetário era considerada razoavelmente alta, pegando carona especialmente na recente ação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que havia pedido corte de 1 ponto percentual na FFR.
O comunicado da autoridade monetária, endossado posteriormente pela entrevista do chairman Jerome Powell, ressaltou a necessidade de paciência para que decisões futuras sobre a FFR possam ser avaliadas com dados mais atualizados. O FED considera que a inflação atualmente baixa, com o núcleo (indicador de inflação preferido da autoridade monetária norte-americana) recuando para 1,6%, é um evento temporário. A meta de inflação de 2% pode voltar a ser alcançada em breve, talvez já no segundo semestre deste ano.
Dados relevantes informados pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos nesta sexta-feira ratificaram a postura de cautela do FED. Na verdade, nos números divulgados hoje surpreenderam e muito as expectativas dos analistas e economistas. Em média, esperava-se uma criação de 185 mil vagas de trabalho no mês de abril deste ano. No entanto, no relatório divulgado hoje, pode-se constatar que foram criadas impressionantes 263 mil novas vagas de emprego no mês de abril, quase o triplo de vagas necessárias para acompanhar o crescimento da população em idade ativa.
Além disso, os dados dos meses de fevereiro e março de 2019 foram revisados para cima, revelando criação de 16 mil novos postos de trabalho a mais do que o reportado anteriormente pelo relatório do Departamento de Trabalho. Os números reforçam o quadro politicamente muito benéfico de mercado de trabalho extremamente aquecido, em pleno emprego.
A sequência de relatórios robustos do mercado de trabalho tem provocado recuos históricos da taxa de desemprego nos Estados Unidos nestes últimos anos. Com os dados desta sexta-feira, a taxa de desemprego caiu para apelas 3,6%, mínima dos últimos 49 anos.
Para se ter uma ideia da expressividade deste indicador, a última vez em que a economia norte-americana gerou tantos empregos foi no período de recrutamento de soldados e aceleração de produção da indústria armamentista para a guerra do Vietnã.
Taxa de desemprego abaixo do nível observado na guerra do Vietnã só ocorreu no período pós-segunda guerra mundial, com a reconstrução da Europa em grande parte protagonizada pelos Estados Unidos através do Plano Marshall. Sem dúvida, os números atuais são um feito histórico para administração atual, podendo favorecer uma eventual reeleição de Donald Trump.
Os dados do Departamento de Trabalho divulgados nesta sexta-feira também ajudam a fortificar o cenário de economia em constante expansão, sem qualquer risco de recessão à vista (ao contrário do que se temia no ano passado). O número recorde de pessoas trabalhando em meio século mantém a demanda por bens e serviços aquecida, alimentando uma percepção positiva dos empresários, que continuam investindo e fazendo o possível para reter talentos e/ou trabalhadores qualificados.
Muito possivelmente a economia norte-americana registrará recorde de maior expansão no final do segundo trimestre deste ano, já que o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre de 2019 veio muito forte, com uma taxa de crescimento anualizada de 3,2%.
Com indicadores tão robustos, não há como negar o acerto na postura cautelosa por parte do FED. Não parece haver nenhum sentido neste momento para cortar a FFR, considerando o cenário de nível histórico de expansão do PIB e emprego. A inflação atualmente abaixo da meta de 2% ao ano é um fenômeno extremamente atípico e, possivelmente, temporário, conforme expectativa do próprio Banco Central dos Estados Unidos.
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