Uma multidão de iranianos vestidos de preto tomou conta das ruas de Teerã, capital do Irã, na tarde desta segunda-feira (6), como forma de homenagear o principal comandante militar do país, Qassim Soleimani, morto em um ataque cirúrgico ordenado por um drone das forças militares norte-americanas semana passada. A tensão entre EUA e Irã continua.
Quem era Qassim Soleimani
Era o líder da Força Quds da Guarda Revolucionária iraniana, uma espécie de unidade de elite responsável por serviços de inteligência, bem como condução de operações militares secretas no exterior.
Soleimani foi morto dentro de seu veículo, nas intermediações do aeroporto de Bagdá, no Iraque.
O argumento americano
Os Estados Unidos alegam que o comandante da Força Quds planejava um ataque iminente a diplomatas e forças americanas no Iraque. A tese dos norte-americanos pode possuir certo fundamento, já que a hostilidade por parte do Irã vem aumentando gradativamente nos últimos meses.
Ano passado, árabes e norte-americanos acusaram o Irã de atacar navios petroleiros que atravessavam o Estreito de Ormuz, ponto-chave da principal rota de escoamento de petróleo do mundo, localizado entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã. Também no ano passado, a Arábia Saudita acusou o Irã de atacar uma de suas instalações de petróleo, enquanto o Irã confirmou ter derrubado um drone norte-americano com um míssil terra-ar.
Além disso, os houthis do Iêmen tem utilizado mísseis e drones fabricados no Irã para bombardear alvos diversos na Arábia Saudita. Mais recentemente, milícias apoiadas pelo Irã no Iraque tem atacado bases norte-americanas, aumentando a tensão na região. O ataque dos Estados Unidos, portanto, é uma consequência e, possível resposta, de uma sequência de hostilidades que vem ocorrendo ultimamente na região contra a si próprio e seus aliados.
Teremos retaliação?
Apesar do apelo popular dos iranianos por uma retaliação a altura contra os norte-americanos, o que em outras palavras significa enfrentamento militar contra as tropas americanas, é possível que o Irã limite suas ações, simplesmente por falta de opções ou pela grande desvantagem bélica e, principalmente, comercial.
Num cenário hipotético (e de baixa probabilidade) de enfrentamento entre os dois países, a disputa se dará, basicamente, por domínio de espaço aéreo.
EUA vs Irã: o poderio militar de cada um
Além de possuir maior tecnologia, tanto nos aviões de caça, quanto nos aviões bombardeiros, os Estados Unidos possuem cerca de 3.880 aviões de combate na ativa, com diversas bases terrestres estrategicamente espalhadas pelo Oriente Médio, além da mobilidade de seus porta-aviões na região, que por sinal fazem parte da maior e mais poderosa frota naval do planeta.
Não há menor possibilidade de o Irã declarar guerra aos Estados Unidos contando com seus 312 aviões de combate concentrados num espaço aéreo limitado.
Tão grande quanto às limitações militares são as financeiras.
O Irã foi duramente abatido economicamente no passado em função das sanções comerciais impostas por vários países em função do seu programa nuclear. Mesmo após o acordo realizado na gestão Barack Obama, no qual as sanções foram aliviadas em troca de “interrupção” no programa iraniano de enriquecimento de urânio, a economia continuou debilitada, o que resultou em protestos de massa nos últimos anos.
A economia iraniana
Mais recentemente, em novembro de 2019, a Anistia Internacional afirmou que pelo menos 208 iranianos morreram na repressão do governo em relação às manifestações em massa que tomaram conta de várias cidades do país, inclusive na capital Teerã. O PIB do Irã despencou 4,8% em 2018 e as projeções para 2019 são de recessão aguda de 9,5%, combinada com um desemprego de 11% e inflação de cerca de 30%, um completo desastre econômico.
Qualquer reação do Irã considerada hostil, principalmente por parte da avaliação dos países do ocidente, tende a enforcar economicamente o país ainda mais. Não por acaso, os principais índices acionários reagiram com certa insignificância aos eventos ocorridos nos últimos dias.
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