No início desta última semana, o FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos) lançou novas e maciças medidas de contra-ataque para injetar recursos para segurar a economia do país. Os programas de quantitative easing (compras de ativos), que já estavam em funcionamento, foram novamente flexibilizados.
Até então, a autoridade monetária poderia comprar pelo menos 500 bilhões de dólares em títulos do Tesouro norte-americano e 200 bilhões de dólares em títulos hipotecários. A partir de agora, não há limite para compras de ativos. O FED não só pode, como vai comprar, a quantidade de ativos que desejar, inclusive em novas linhas ainda não utilizadas no passado.
Estímulos do FED para segurar a economia
O Banco Central dos Estados Unidos deixou claro que realizará as compras de ativos nos montantes necessários para favorecer o bom funcionamento do mercado. Autoridades do FED ressaltaram que a economia enfrentará graves choques por conta dos impactos provocados pelo lockdown. Por conta disso, o Banco Central vai utilizar todas as ferramentas disponíveis na tentativa de limitar o máximo possível as perdas de emprego e renda.
Muitos economistas de vários países estimam que os impactos econômicos poderão superar os efeitos negativos provocados pela crise do subprime, em 2008. A crise atual, diferente do passado, não afeta inicialmente o sistema financeiro, mas sim o ambiente corporativo. As pequenas e médias empresas (importantes empregadoras na economia), por exemplo, já estão passando por sérios problemas de fluxo de caixa e várias correm o risco de quebrar.
Juntamente com o FED, o governo norte-americano também está atirando de buzaca para tentar segurar a economia. Após ampla discussão, o Congresso chegou ao consenso de aprovar um pacote de ajuda de 2,2 trilhões de dólares, considerado o maior da história do país.
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O objetivo do pacote é ampliar a abrangência da estratégia do dinheiro de helicóptero. O plano prevê, por exemplo, remuneração direta à maioria dos americanos, ampliação de benefícios de seguro desemprego, dinheiro extra para os estados e um programa de mais de 360 bilhões de dólares para que as pequenas empresas possam remunerar seus funcionários que precisarem ficar em casa durante a quarentena.
Um fundo de 500 bilhões de dólares também deverá auxiliar empresas em dificuldades, inclusive as de grande porte. Os hospitais também deverão receber ajuda relevante.
Medidas japonesas
O Japão, terceira maior economia do planeta, também se prepara para anunciar um pacote de medidas de socorro econômico sem precedentes na história. Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês, avisou que o país está próximo de uma emergência nacional e que medidas imensas e poderosas (como estímulos fiscais, monetários e alívio de impostos) estão sendo analisadas para serem reveladas brevemente.
Na avaliação do primeiro-ministro japonês, o país precisa estar preparado para uma batalha de longo prazo. Este gesto pode quebrar a expectativa de alguns economistas/analistas com relação à limitação de curtíssimo prazo provocada pelo lockdown.
Aos poucos, as expectativas de retomada do crescimento vão sendo revisadas (postergadas) nas projeções de grandes bancos de investimento e instituições internacionais. Além disso, em função da gravidade da situação, o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional) publicaram uma carta conjunta solicitando alívio imediato de dívidas aos países mais pobres do mundo.
Impactos do coronavírus: desemprego
Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho) a crise do coronavírus pode erradicar quase 25 milhões de empregos em todo o planeta. A previsão é superior aos efeitos provocados pela crise anterior, em 2008, no qual resultou em 22 milhões de desempregados.
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Ainda assim, aqueles que manterem seus respectivos empregos podem não conseguir respirar aliviados. A OIT ressaltou que há risco de grandes perdas de renda dos trabalhadores, já que os lockdowns devem causar reduções da jornada de trabalho e, consequentemente, diminuições de salário. Atualmente, a perda com a renda dos trabalhadores está estimada em 3,4 trilhões de dólares.
Foco na dívida pública
Albrecht Ritschl, professor na London School of Economics, considerado um dos grandes historiadores de economia global, apontou que o verdadeiro motor de recuperação de uma grande crise está na dívida pública. Quanto maior o espaço fiscal a ser utilizado por um país, mais rápida será a recuperação econômica.
Ritschl considera que estamos apenas no começo da crise e não descarta a possibilidade de alcançarmos gravidade semelhante à Grande Depressão do início dos anos 1930. O diagnóstico é sombrio, porém dados mais concretos dependerão do tempo de duração das medidas de isolamento mundo afora.
Não por acaso, tiros de bazuca estão sendo anunciados em várias partes do planeta por governos e banqueiros centrais, na tentativa de evitar uma catástrofe semelhante à Grande Depressão.
Obviamente, países com excesso de endividamento, como é o caso de alguns emergentes (incluindo o Brasil) e economias do sul da Europa, a potência da bazuca tende a ser menor e possivelmente a dívida poderá sair de controle no longo prazo.