O forte movimento de sell-off observado nas últimas semanas em Wall Street parece ter chegado ao fim nesta terça-feira. Os principais índices acionários subiram forte, mostrando contra ataque da força compradora num ponto técnico extremamente relevante.
A média móvel simples de 200 períodos diária, inicialmente perdida na semana passada, foi recuperada nesta terça-feira através de um candle de força relevante, caracterizando movimento clássico de bear trap.
Investidores/operadores que abriram venda com o rompimento descendente do S&P500 sobre a referida média móvel tiveram de estopar suas posições às pressas em função da forte reação da força compradora. Os touros haviam demonstrado intenção de defesa da média longa mais famosa e acompanhada pelo mercado já na última sexta-feira, interrompendo a forte sequência de queda de curto prazo, porém o contra ataque com ordens volumosas de compras surgiu apenas nesta terça-feira com um importante driver fundamentalista de momento.
Os balanços trimestrais das potências financeiras Goldman Sachs e Morgan Stanley vieram bem robustos, superando as expectativas dos analistas, criando, assim, o driver que faltava para disparada das ordens de compra.
O Goldman Sachs reportou lucro de 6,28 dólares por ação no 3 TRI/2018, bem acima da previsão de 5,38 dólares por ação, representando aumento de 20,5% em comparação com o resultado do mesmo período do ano anterior. O Morgan Stanley relatou lucro de 1,17 dólares por ação, também muito acima da expectativa dos analistas de 1,01 por ação, refletindo uma alta de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Ambas as empresas estavam shorteadas na bolsa de Nova York. As ações do Goldman Sachs, que chegaram a ser negociadas aos 270 dólares em março deste ano, fecharam semana passada aos 210 dólares. Nesta terça-feira, os preços saltaram para 221 dólares, numa possível virada de mão. As ações do Morgan Stanley, que chegaram a ser negociadas aos 57 dólares em março deste ano, fecharam semana passada aos 42 dólares. Nesta terça-feira, os preços saltaram para 46 dólares, num movimento semelhante ao observado nos papéis do Goldman Sachs.
A reação das ações dos bancos de investimento mais tradicionais de Wall Street foi forte o suficiente para puxar (contaminar) todo o mercado para cima, numa virada bull rápida e forte, mantendo os índices acionários acima da importante média móvel simples de 200 períodos diária.
Este movimento não tem sido tão atípico. Desde junho de 2016, em todas as ocasiões que o S&P500 tombou para a média móvel simples de 200 períodos diária, houve forte reação da força compradora, mantendo o ciclo bullish. Desta vez, não foi diferente.
A sinalização de trégua em Wall Street empurrou várias outras praças financeiras mundiais para a ponta compradora. DAX, na Alemanha, subiu de 11.500 pontos para 11.776 nesta terça-feira. A bolsa de Paris, na França, subiu de 5.050 pontos na mínima de ontem para 5.173 no fechamento de hoje. No Japão, o Nikkei saiu de 22.250 pontos ontem para 22.550, também mostrando bear trap sobre a média móvel simples de 200 períodos diária.
Bombay, na Índia, que chegou a cair para 34.000 pontos na semana passada, fechou esta terça-feira aos 35.100. Na Rússia, após tocar 1.100 pontos na semana passada, a bolsa volta para os 1.165 pontos nesta terça-feira. México subiu de 200 para 206 pontos, parece pouco, mas não é (para um movimento de curto prazo). Até a bolsa de Istambul, na Turquia, se valorizou nos últimos dias (de 94.000 para 98.400 pontos).
No Brasil, o índice Bovespa interrompeu a sequência de correções observada nos últimos dias, formando piso ascendente aos 82.600 pontos, já sinalizando ataque sobre a resistência formada aos 87.300 pontos, por sinal, apenas 1.000 pontos abaixo da máxima histórica. Isso significa que se o Ibovespa recuperar 87.300 pontos, a resistência formada pelo topo histórico será fragilizada.
O mercado de câmbio e juros futuros está ainda mais eufórico do que o segmento de bolsa, já que os investidores e players locais começam incorporar nos preços da moeda e dos contratos de juros futuros (por sinal, altamente expostos à agenda econômica) um cenário não somente de vitória do candidato Bolsonaro no segundo turno, mas, também, detecção de espaço para uma agenda de reformas estruturantes avançar neste novo Congresso.