As condições macro melhoraram razoavelmente para uma decolagem da economia brasileira no médio prazo, aumentando as chances de conseguirmos sair do atoleiro dramático observado na era Dilma-Temer.
A sinalização de pista livre para vôo saiu na última pesquisa Índice Gerente de Compras do Instituto Markit, mas faltava confirmação das condições climáticas locais, já que nas redondezas (outros países/continentes) há forte presença de nebulosidade. A condição climática favorável local é basicamente um endosso da inflação que permita puxadas no PIB.
No passado, umas das principais barreiras ao crescimento brasileiro era justamente a inflação e/ou o temor de aceleração de preços, diferentemente de outras economias que sofrem com a pouca robustez de um mercado consumidor interno ou falta de matéria-prima.
A inflação ainda incomoda um pouco no Brasil, pois apesar de estar aparentemente controlada, levemente abaixo da meta, os acumulados de 12 meses continuam descasados com o ritmo de crescimento apático. Poderia estar mais baixa e/ou não apresentar risco de rompimento do centro da meta a médio e longo prazo. A incerteza deixa os agentes (principalmente empresários) temerosos, mas felizmente o risco está diminuindo e a resposta tem sido quase que imediata.
A deflação de 0,21% no IPCA de novembro foi muito importante por quatro motivos: (i) impacto psicológico na base de dados, não somente por ter registrado a menor taxa de inflação para meses de novembro desde a implantação do Plano Real, em 1994, mas também por ser considerada a segunda deflação do ano, já que no mês de agosto o IPCA teve variação negativa de 0,09%; (ii) empurrar o acumulado dos últimos 12 meses no IPCA para 4,05%, abaixo da meta deste ano (4,5%), abaixo da meta para 2019 (4,25%) e praticamente ancorado com a meta para 2020 (4%); (iii) resultado surpreendentemente abaixo das expectativas já otimistas de mercado; (iv) por fim, não menos importante, estar casada com a aceleração do Índice Gerente de Compras.
A pesquisa do Instituto Markit revelou que no mês de novembro a atividade industrial brasileira acelerou de forma significativa, fazendo o Índice Gerente de Compras saltar de 51,1 pontos em outubro para 52,7 em novembro, em forte ritmo de expansão.
O número registrado em novembro também foi importante para ratificar a trajetória de recuperação iniciada anos anteriores, saindo de um longo período de contração (abaixo dos 50 pontos no gráfico), para um ritmo de expansão, recentemente acima dos 50 pontos. A atividade industrial sentiu um tranco no meio deste ano que deixou os agentes apreensivos, quase voltando para o terreno de contração, mas a recuperação veio rápida e forte, em ritmo que sinaliza potencial rompimento da máxima registrada desde 2012.
A pesquisa aponta que o mercado interno foi o principal motor propulsor da retomada da produção industrial, embora terrenos tenham sido conquistados no mercado externo também. O reaquecimento do mercado interno é essencial para criar o famoso efeito dominó ou ciclo vicioso positivo: mais produção, mais contratações de funcionários, mais consumo.
Outro dado importante captado pela sondagem do Instituto Markit está no sentimento em relação ao cenário político/econômico. Em função da mudança de governo, a pesquisa apontou que 77% das empresas se revelaram confiantes de que a produção irá se expandir nos próximos 12 meses. Por outro lado, apenas 1% das empresas se mostraram pessimistas.
O sentimento em relação aos negócios simplesmente atingiu o nível mais alto observado na história das séries de sondagem do Instituto Markit para o Brasil, apontando que muitos empresários pretendem voltar a investir ou aumentar os investimentos.
Aliado a isso, outro fator positivo, que sinaliza uma decolagem brasileira, é que o decoupling (ou descolamento) observado recentemente entre Ibovespa versus MSCI Emerging Market (ETF de mercados emergentes mais famoso do mundo) também começa aparecer na atividade industrial brasileira versus atividade industrial global.
Conforme pode-se notar no gráfico acima, resultado das pesquisas feitas pelo Instituto Markit em parceria com o J.P. Morgan, a atividade industrial global está em desaceleração de crescimento não desprezível desde o início deste ano, em trajetória oposta ao constatado no Brasil.
Os indicadores parecem até uma miragem para nós, brasileiros, acostumados acompanhar o longo show de horror desde os tempos de Guido Mantega no ministério da Fazenda e, mais recentemente, com a frustração do governo Temer. Entretanto, os números ratificam o decoupling e, aos poucos, podem sustentar alguma esperança para o futuro.
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