Certamente, você já ouviu falar sobre a Crise de 1929, um dos períodos mais marcantes pós Primeira Guerra Mundial, também conhecida como a Grande Depressão. Mais recentemente, você deve ter estudado ou até mesmo presenciado a crise imobiliária de 2008, também conhecida como a crise de subprimes. Mas e sobre a Tulipomania?
O que você provavelmente não sabe é que a primeira bolha da história ocorreu ainda no século XVII. Em Amsterdã, na Holanda. E que teve tulipas como grande causador. Isso mesmo, a primeira bolha especulativa foi causada por flores. A Tulipomania.
Tulipomania: a origem da “Mania das Tulipas”
Ainda que atualmente os Países Baixos possuam as tulipas como símbolo.No entanto, séculos atrás, estas não eram parte de sua paisagem. Foi em meados do século XVI, mais precisamente no ano de 1593, que o botânico Carolus Clusius levou à Holanda alguns bulbos de tulipas, após visitar Constantinopla, atual cidade de Istanbul, na Turquia.

As tulipas começaram a chamar a atenção da vizinhança e alguns passaram a roubar bulbos para revendê-los. Devido à raridade dessas flores no país, os holandeses criaram certa obsessão pelas tulipas. Assim, estas flores vieram a se tornar símbolo de status no país. Aumentando o seu valor, é claro.
Com o tempo, as tulipas foram se tornando cada vez mais conhecidas e, por consequência, a procura pelas flores começou a aumentar. Assim, alguns especuladores começaram a comprar bulbos para revender a preços mais elevados, os quais, em um único mês, chegavam a aumentar mais de 20 vezes.
Segundo a obra Crash – Uma breve história da economia, no ano de 1624, um único bulbo de tulipa chegou a valer o equivalente a uma casa em Amsterdã, chegando a R$ 200 mil. Atualmente, é possível adquirir 15 sementes de tulipa por apenas R$ 20,00, ou seja, o valor é 10.000x menor!
Tulipas na bolsa de valores
A valorização foi tanta que diversas pessoas começaram a trocar terras e imóveis por bulbos de tulipas. O resultado disso foi que, no ano de 1636, essas flores passaram a ser negociadas na Bolsa de Valores de Amsterdã!
Entretanto, como a floração das tulipas demora entre 7 e 12 anos após serem plantadas, acontecendo, ainda, somente nos meses de abril e maio, os negociadores começaram a vender contratos de tulipas. Em uma comparação com a atual bolsa de valores, esses contratos se assemelhariam aos contratos futuros. Eles determinavam, basicamente, que, ao final da temporada, o comprador adquiriria uma tulipa por determinado valor.

Não demorou para que esses contratos começassem a ser revendidos. Por exemplo: um especulador comprava um contrato por 1.200 florins e o revendia por 1.300 para outra pessoa que estivesse disposta a aguardar a valorização das tulipas. Até então, parecia um ótimo investimento, vez que o preço das flores não parava de subir.
A obsessão pelas tulipas era tamanha que não apenas a população com alto poder aquisitivo negociava esses ativos, pequenos poupadores também passaram a apostar nas tulipas. Passados mais alguns anos, a Febre da Tulipa ultrapassou as fronteiras da Holanda, adentrando países vizinhos como França e Inglaterra.
Todavia, a crise não demoraria a chegar e, no inverno de 1636, teve início não apenas a queda das tulipas, mas também a primeira crise do mercado financeiro.
A Crise das Tulipas
Da mesma forma que todas as bolhas iniciam, o aumento do preço das tulipas passou a ser insustentável, não havendo mais compradores interessados. Assim, um grande número de investidores começou a vender seus contratos de tulipas, até o momento em que passou a existir uma grande oferta e nenhuma demanda de compra.
Aliado a isso, muitos também relatam que o estopim se deu quando um comprador da cidade de Haarlem não honrou seu contrato de compra das tulipas holandesas. Juntos, estes fatores desencadearam um pânico no mercado das tulipas, fazendo com que seu preço despencasse em poucos dias.
O gráfico abaixo demonstra a queda no preço das flores no mês de maio, após ter atingido seu ápice em fevereiro de 1637:

Ou seja, todos aqueles que haviam investido suas economias em tulipas, apostando em lucros futuros, perderam tudo. O desespero era tamanho, que o próprio governou holandês tentou intervir, oferecendo 10% do valor original de cada contrato. Todavia, o mercado da tulipas continuou caindo.
No filme Wall Street: O dinheiro nunca dorme (2010), já indicado aqui em nosso artigo 7 Filmes sobre o mercado financeiro, o ator Micheal Douglas explica brevemente a Crise das Tulipas.
Gostou da história sobre a Tulipomania? Deixe nos comentários sobre quais outras curiosidade do mercado financeiro você gostaria de ler!