Jair Messias Bolsonaro foi eleito presidente da República na noite de domingo do dia 28/10/2018. Na segunda-feira seguinte, o mercado acionário brasileiro abriu aos 86.000 pontos, subiu para 88.000 pontos rapidamente, porém encerrou o dia na lona, aos 84.000 pontos, acumulando dolorosos 4.000 pontos de queda desde a máxima do dia, pegando muitos investidores/operadores de surpresa.
A reviravolta negativa ocorrida no pregão seguinte após a vitória do mito nas eleições foi justificada pela imprevisibilidade da relação entre Executivo e Congresso. Entre outras palavras, os analistas explicaram que mercado azedou na coroação da vitória de Bolsonaro porque havia incerteza se os parlamentares iriam apoiar a agenda de reformas liberais do governo.
Passaram-se pouco mais de três meses e a incerteza na relação entre Executivo e Congresso continua a mesma. Entretanto, o Sr. Mercado não obedeceu os analistas e começou a subir mesmo com imprevisibilidade sobre a agenda de reformas. Não se sabe se haverá aceitação (cenário muito positivo), desidratação (cenário neutro) ou recusa (cenário catastrófico) das reformas que serão propostas nas duas Casas, especialmente a da previdência, considerado o primeiro grande teste do governo.
Os ganhos observados no índice Bovespa desde a vitória de Bolsonaro não são nada modestos. Não é caso de mercado cautelosamente otimista, ainda aguardando maiores desfechos no Congresso para montar posição. É um baita voto de confiança. Uma compra de expectativa positiva. Uma aposta de sucesso na agenda liberal.
O Ibovespa subiu 14.000 pontos desde o fechamento do primeiro dia de negócios após a vitória de Bolsonaro até o encerramento do pregão desta última quinta-feira. Isso não significa que o mercado está correto nem mesmo antecipando algum desfecho, até porque é impossível prever qualquer cenário neste momento (aceitação, desidratação ou recusa).
Tudo isso aconteceu em função do efeito mito. O mercado não somente acredita no potencial de articulação de Jair Bolsonaro para conseguir convencer o Congresso aprovar sua agenda de reformas, como literalmente aposta dinheiro num desfecho positivo. Se o mercado entender que fez uma aposta errada, o preço será cobrado futuramente, como de costume.
Esses 14.000 pontos mitológicos são nitidamente observados quando se compara o desempenho do Ibovespa versus ETF MSCI Emerging Markets (ETF de mercados emergentes mais famoso do mundo), conforme demonstrado na imagem abaixo.
A linha pontilhada demonstra a oscilação do Ibovespa, enquanto a linha preta revela o deslocamento do ETF MSCI Emerging Markets. O circulo azul no gráfico marca o momento da vitória de Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais. A partir deste ponto, pode-se notar claramente um descolamento raro e positivo a favor do Ibovespa comparado ao ETF MSCI Emerging Markets.
Desde a temerosa era Dilma, o Ibovespa nunca esteve tão à frente do ETF MSCI Emerging Markets. Além disso, foram raros os momentos em que o Ibovespa conseguiu performar melhor do que o ETF MSCI Emerging Markets. Na verdade, era bastante comum, no passado, o ETF MSCI Emerging Markets bater o Ibovespa em várias janelas temporais. Ou seja, o descolamento atual também revela uma forte quebra de padrão histórico.
Apesar de pouco tempo de governo, Bolsonaro já fez história no mercado e mostrou por que é conhecido como mito.
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