Por muito tempo foi mais fácil viver de renda, pudemos contar com a previdência pública, o INSS, para usufruir de uma aposentadoria vitalícia, sem termos que nos preocupar com nossos gastos na posteridade.
Ocorre que hoje, com a reforma da previdência ocorrida em 2019, as regras já são bem diferentes, de modo que o INSS já não entrega mais os mesmos benefícios conforme ocorria antigamente.
Assim, viver de renda contando somente com a previdência pública já não é mais tão fácil. Por essa razão, cada vez mais se comenta sobre maneiras alternativas para acumular capital suficiente para viver de renda no futuro.
O que mudou com a Reforma da Previdência?
1. Idade mínima
Antes, a idade mínima para o setor privado era de 65 anos para homens e 60 para mulheres. A partir da reforma, a idade mínima para homens ficou em 65 anos, mas, para mulheres, passou para 62 anos – ambos para trabalhadores urbanos. A idade mínima mudou também em alguns casos específicos:
- Trabalhador rural: 55 anos para mulher e 60 para homem;
- Policial: 55 anos para homens e mulheres
- Professor: 57 anos para mulheres e 60 para homens
2. Tempo de contribuição
Antes: Mesmo com a idade mínima, era possível escolher entre aposentar-se por idade ou por tempo de contribuição. Aposentando-se por idade, era necessário que a pessoa tivesse contribuído por no mínimo 15 anos, homem ou mulher. Quem quisesse se aposentar abaixo da idade mínima poderia fazê-lo, mas era preciso ter contribuído por 30 anos, no caso de mulheres, e 35 anos no caso de homens.
Como fica: Com a reforma, isso não é mais possível. Mesmo quem já contribuiu pelo tempo mínimo não poderá aposentar-se antes da idade mínima. Isso vale a partir do final do período de transição.
O tempo mínimo de contribuição continua sendo de 15 anos para homens e mulheres. A única exceção é para os homens que ainda não entraram no mercado de trabalho, que terão que contribuir por 20 anos.
3. Cálculo da aposentadoria
Setor privado: A forma como o valor do benefício a ser recebido é calculado também mudou com a reforma da previdência.
Antes: Ele levava em conta o histórico de contribuições do trabalhador descartando as 20% contribuições menores.
Como fica: Com a mudança, 20% das contribuições mais baixas não serão excluídas – será considerado todo o histórico de contribuições.
Além disso, assim que atingir o tempo mínimo de contribuição estabelecido (15 anos para homens e mulheres e 20 anos para homens que ainda não entraram no mercado de trabalho), trabalhadores do regime geral terão direito a 60% do valor do benefício integral de aposentadoria – e, a cada ano a mais que contribuirem, o percentual sobe 2 pontos.
Setor público: O cálculo do benefício para servidores públicos ficou mais parecido com o de trabalhadores da iniciativa privada: o benefício mínimo será de 60% com 20 anos de contribuição, tanto para homens quanto mulheres, e também subirá 2 pontos percentuais a cada ano adicional.
Isso vale para quem ingressou no setor público após 31 de dezembro de 2003. Para quem ingressou até essa data, o valor do último salário será mantido para quem se aposenta – homens aos 65 anos e mulheres ao 62 anos.
O que é viver de renda?
Viver de renda consiste naquele momento em que não mais é necessário trabalhar para obter sua renda mensal ou a quantia necessária para manter seu padrão de vida. Entretanto, para se alcançar esta independência, antes é necessário passar por algumas perguntas.
Quanto quero ter por mês?
Defina qual renda mensal você almeja ter para manter seu padrão de vida ou até mesmo para ter um padrão diferente do que você possui hoje.
Além disso, saiba com qual idade você quer parar de trabalhar, desacelerar o ritmo, ou até mesmo trabalhar apenas de forma voluntária. Não esqueça também de projetar qual a sua expectativa de vida. Assim, você saberá por quantos anos viverá dessa renda. A conta é simples:
EXPECTATIVA DE VIDA – IDADE DA APOSENTADORIA = Nº DE ANOS QUE VIVERÁ DE RENDA
Cálculo do patrimônio necessário
Depois que você já definiu qual o valor que quer ter mensalmente, é preciso que você faça o cálculo de quanto é necessário ter acumulado para poder retirar esse valor todos os meses. Por exemplo, se quero viver com R$ 10.000,00/mês entre os meus 65 e 100 anos, isso significa que precisarei de R$ 120.000,00/ano por 35 anos, o que resultaria em R$ 4.200.000,00.
Qual a taxa dos meus investimentos? E a inflação?
Outro ponto relevante é saber quanto os seus investimentos estão pagando nos últimos anos. Além disso, sempre tenha em mente qual a taxa real e nominal que você vem recebendo.
- Taxa nominal: Essa é a taxa declarada nas suas aplicações, seja quando você observa seu histórico de aplicações ou quando contrata algum produto financeiro.
- Taxa real: Já a taxa real nada mais é do que a taxa nominal descontada a inflação. Ou seja, em um cenário em que a inflação está 3% ao ano e suas aplicações tiveram uma rentabilidade de 10%, sua taxa real foi de 7% ao ano.
Essa informação é muito importante para quando você for fazer suas projeções de renda, pois sempre deve ser descontada a inflação!
Diferença entre renda perpétua e renda vitalicia
Além disso, é interessante avaliar se você vai querer uma renda:
- Vitalícia: O valor acumulado será suficiente para suprir seu consumo mensal e acabará ao final do período.
- Perpétua: Você retira um valor mensalmente que representará apenas o rendimento mensal da sua aplicação, de modo que o montante não vá diminuindo ao longo do tempo.
Perceba que com uma renda perpétua, você deixará um patrimônio para os seus herdeiros, já na vitalícia, a ideia é que ela dure somente até sua expectativa de vida.
Melhores ativos para viver de renda
1. FIIs – Fundo de Investimento Imobiliário
Essa modalidade de ativo é bastante utilizada por aqueles que querem usufruir de uma renda mensal passiva. Isso porque os Fundos Imobiliários distribuem dividendos mensais isentos de Imposto de Renda!
Assim, além de você ter a possibilidade de ganhar com a compra e venda de cotas, também pode utilizar a renda distribuída mensalmente para suprir seus gastos mensais.
Para entender melhor o funcionamento dos Fundos Imobiliários, confira nosso post sobre como viver de renda com FIIs!
2. Ações pagadoras de dividendos
Uma alternativa similar aos FIIs são carteiras de investimentos qu aplicam em ações de empresas que são boas pagadoras de dividendos. Assim, da mesma forma que os FIIs, o investidor recebe dividendos mensais, isentos de IR, mensalmente na sua conta da corretora.
Aqui é importante mencionar que não há uma garantia que esse valor será distribuído todos os meses e também não existe um valor fixo, pois existem diversos fatores que vão influenciar no tanto que a empresa distribui.
3. Previdência
Os fundos de previdência privada ou complementar também são amplamente utilizados para investimentos de longo prazo, por contarem com algumas vantagens. Por exemplo, na modalidade de tributação regressiva, caso o investimento ultrapasse 10 anos, a alíquota de IR será de somente 10%.
Outra vantagem da previdência é o PGBL para pessoas que fazem a declaração completa do Imposto de Renda. A partir dela é possível deduzir até 12% da renda bruta anual tributável.
Quando for a hora de começar a resgatar, o investidor pode combinar um valor fixo com a seguradora e receberá mensalmente em sua conta da corretora.
4. Imóvel
Um exemplo clássico de renda passiva é ter um imóvel e alugar para terceiros, vivendo com a renda paga pelo inquilino mensalmente. Apesar de essa estratégia ser amplamente utilizada, ela é muito mais trabalhosa que as demais alternativas.
Isso porque além de toda a burocracia referente à compra do imóvel, você também sofre com algumas outras limitações:
- Entre uma troca e outra de inquilino, seu imóvel pode ficar vago, deixando de gerar renda nesse período.
- Encargos com a imobiliária, para fazer a gestão dos imóveis, as imobiliárias cobram taxas mensais em torno de 7% do valor do aluguel.
- Ao ser proprietário do imóvel, você passa a ter diversas responsabilidades, tendo inclusive que prestar suporte ao inquilino quando necessário. Vazamentos, reformas de emergência e demais situações podem surgir a qualquer momento.
- Caso você queira utilizar uma parcela maior do seu capital, não é possível vender apenas uma fração do imóvel ou até mesmo se desfazer dele quando bem entender, existe uma limitação em relação à liquidez do mercado imobiliário.
5. Carteira diversificada com liquidez
Uma forma que pode inclusive contemplar algumas das modalidades acima apresentadas consiste em ter uma carteira de investimentos diversificada com uma parcela de liquidez para você realizar seus resgates periódicos.
Pensando em diversificação, com certeza essa é a opção que consegue contemplar mais cenários adversos. Com uma carteira de investimentos diversificada, é possível investir em:
- Renda Fixa: com ativos atrelados à inflação e taxa de juros
- Fundos de Investimentos: com ações de empresas brasileiras e estrangeiras, ativos de Renda Fixa, moedas, etc
- Fundos Imobiliários: de modo a acompanhar o movimento do mercado imobiliário e conseguir se beneficia com a alta de indexadores como o IGPM e IPCA+
- Ações: de modo a acompanhar o movimento do Ibovespa
- BDRs e Fundos Internacionais: com exposição ao dólar e empresas estrangeiras
- Liquidez: Existem diversas opções de Fundos e Renda Fixa para alocar a parcela de liquidez da carteira e ir fazendo os resgates mensais.
Para entender melhor como montar uma carteira de investimentos, confira nosso post com 5 dicas!

Lembre-se: Antes de iniciar seus investimentos para viver de renda, tenha claro quais são os seus objetivos!
- Qual o meu gasto mensal?
- Qual renda quero ter quando me aposentar?
- Quanto devo ter acumulado para obter esta renda?
- Qual a rentabilidade mensal que meus ativos devem ter para eu alcançar esse objetivo dentro do prazo estipulado?
- Quanto terei que aportar por mês?
Na JB3 Investimentos, trabalhamos tanto com o Planejamento Patrimonial, quanto com a Assessoria de Investimentos, de modo a facilitar seu caminho em direção à renda passiva.